quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MACONHA, DIAMBA,DIRIJO,CANABIS,JOVENS E ESCOLA BRITANICA NO RIO DE JANEIRO

DEU NA INTERNET:

Colégio expulsa alunos acusados de fumar maconhaTrês pais de alunos vão processar a Escola Britânica, colégio particular bilíngue no Rio de Janeiro, por ter expulsado seus filhos sob a acusação de fumarem maconha durante viagem organizada pela escola na semana passada. Os três adolescentes, de 16 anos, foram obrigados a abandonar o passeio, em Pouso Alto, sul de Minas, no primeiro dia.


Segundo um dos pais, que não quis se identificar, os professores mandaram que eles voltassem de táxi. "Meu filho foi tratado como um criminoso. Ele não é e não vou admitir que façam isso com ele. O papel de uma escola é educar."


A Britânica é uma das escolas mais caras do Rio. Para entrar, os alunos pagam uma taxa de cerca de R$ 20 mil. As mensalidades giram em torno de R$ 3,5 mil. Procurada pelo Estado, a escola não quis se manifestar. Os pais decidiram processar o estabelecimento, o diretor e os professores envolvidos no episódio tanto na área cível quanto na criminal.


"A escola desrespeitou a dignidade dos alunos. Foi uma afronta aos direitos fundamentais dos menores. Os algozes (professores e diretor) foram insensíveis, desumanos, arbitrários e vão pagar por isso", afirmou o criminalista Nélio Machado, que representa as famílias.


O passeio da turma foi realizada na semana passada. Os três alunos estavam juntos, no mesmo quarto e, segundo o pai de um deles, os professores sentiram cheiro de maconha. "Eles foram interrogados e sofreram terror psicológico para confessar que tinham fumado. Logo depois foram expulsos do passeio." Segundo o pai, eles tiveram de encontrar uma maneira de voltarem para casa sozinhos. "Isso é inadmissível", afirma. Pouso Alto fica a 250 quilômetros do Rio.

Além do processo criminal, os pais vão tentar uma liminar para que os adolescentes possam continuar estudando na escola. "O que a escola fez é um exemplo negativo. Em vez de educar, resolveram tratá-los como criminosos." As informações são do Jornal da Tarde.


AGORA VEJA ESSAS NOTÍCIAS, transcritas dos jornais em meu livro “Se Liga! – O livro das drogas” (Record –Rio, 5ª ed. 2003):


Sábado, 19 de maio de 1996. Francisco Morato, município da Grande São Paulo, a 45 quilômetros da Praça da Sé, marco zero da capital paulista. Dois homens matam a tiros três fregueses que chegam a um bar e, a seguir, matam o dono, atrás de seu balcão.


As vítimas têm idades entre 24 e 30 anos. Os jornais dizem que apenas o dono tinha anotação em ficha policial, por “dirigir sem habilitação”. A polícia informa que “o envolvimento com drogas” é a maior causa das chacinas, que já somavam 20 nesse ano, com 70 mortos, em sua maioria jovens. E pobres.
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Terça-feira, madrugada de 23 de julho de 1996. Morro do Salgueiro, Rio. Tiroteio de três horas entre PMs e traficantes, que usam até granadas. Três traficantes mortos. Idade de dois identificados: 19 anos. A “guerra” nos morros da Tijuca, informa Nelson Carlos de Souza no Jornal do Brasil, já matou 12 pessoas naquele mês: um corpo a cada dois dias.
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Sábado, 27 de janeiro de 1990. Uma chácara perto de São Paulo, no sul de Minas Gerais. A modelo Adriana de Oliveira, 20 anos, morre depois de fumar maconha, beber, tomar comprimidos do tranqüilizante Diazepan e cheirar cocaína.


Adriana teve uma convulsão e, durante duas horas, se debateu sem que os acompanhantes tomassem a iniciativa de levá-la ao hospital (o que a teria salvado), com medo “dos inevitáveis embaraços legais que teriam de enfrentar quando se descobrisse que ela fora vítima de uma ruinosa mistura de drogas”, conforme descreveu a revista Veja.


O QUE ESTAS NOTÍCIAS TÊM EM COMUM? Elas têm por causa principal o proibicionismo. É ele, o proibicionismo, que provoca tragédias, mais do que as próprias “drogas”, tragédias como esta mais recente, de três garotos expulsos, e para sempre marcados, por deseducadores – estes sim, mais ruinosos que qualquer droga proibida.


E UMA OBSERVAÇÃO Repare no título da primeira notícia: os alunos, segundo o redator da AE (Agência Estado), são “acusados” de fumar maconha. Desde quando fumar maconha é crime, para que os garotos sejam “acusados”? Mais uma do proibicionismo: até jornalista, que tem obrigação profissional de ser bem informado, fica deformado. Correto seria dizer “Colégio expulsa alunos por fumar maconha”.


Pra mim, mais correto ainda seria “só porque fumaram maconha”.


FRASE DO DIA


Esquece Legislativo, Executivo e Judiciário. O poder verdadeiro é o poder aquisitivo.


De uma charge do humorista El Roto, no El País, Madrid, 9 de junho de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

MULHER PERDE GUARDA DO FILHO POR TRABALHAR NO TEATRO OFICINA CLASSIFICADO COMO ¨PORNOGRÁFICO¨

'As Dionísicas' estreia hoje, com uma dedicatória a Elaine César.

Uma carta de José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, notável criador do Teatro Oficina e artista premiado nacionalmente internacionalmente, denuncia que a diretora de vídeo do grupo, Elaine César, perdeu a guarda do filho, acusada de participar de um “teatro pornográfico”.

Uma fonte afirmou que o ato foi tão violento que ela foi parar na UTI, a poucos dias da estreia da peça “As Dionísicas”. A peça estreia hoje, com uma dedicatória a Elaine.


“Casos violentos como este só se comparam à censura durante o regime militar e mostram que os juízes e os procedimentos das Varas de Infância são da idade média”, afirmou a fonte.


José Celso Martinez denuncia, em um dos trechos: “Porque um ex-marido ciumento, totalmente perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar o filho do convívio da Mãe, acusando Elaine de trabalhar num “Teatro Pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara, para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino Theo.”


Leia abaixo carta do autor sobre o caso e, em seguida, cartas de Zé Celso ao desembargador responsável pelo caso.


* * *


PELOS DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR, SEU FILHO E O TEATRO OFICINA


14/12/2010


AS DIONIZÍACAS DE 17 a 20 no TEATRO DE ESTÁDIO do ex-ESTACIONAMENTO do BAÚ da FELICIDADE serão dedicadas à luta pelos DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR E À LIBERDADE ARTÍSTICA VIOLADA PELA VARA DE FAMÍLIA DE SÃO PAULO


São 06:16. Acordei, apesar de estar exausto por excesso de trabalho pelos trabalhos de realizar meu maior desejo em 30 anos, de apresentar a partir de 6ª feira as DIONIZÍACAS no Teatro de Estádio que levantamos no Ex-Estacionamento do Baú da Felicidade mas não consigo dormir porque não estou mais suportando a ENORME INJUSTIÇA que a SOCIEDADE BRASILEIRA está cometendo com ELAINE CESAR, que neste momento está na UTI, correndo risco de vida.


Este caso não é diferente do de Sakineh no Irã, do de Lu Xiaobo na China e de Assange na Inglaterra. Vim pro computador porque até agora não conseguí fazer chegar nossas vozes de defesa aos DIREITOS HUMANOS desta Mãe Artista, Diretora de Video do Teatro Oficina Uzyna Uzona, que na semana passada, perdeu em duas jogadas:


1º, a guarda de seu filho THEO, de 3 anos de idade.


2º, seus instrumentos de trabalho confiscados, seus HD’s, que também são do Oficina, com todo material gravado de pelo menos 30 anos de Oficina Uzyna Uzona, e de outros trabalhos seus, e de artistas como Tadeu Jungle.


É um atentado à liberdade de produção artística, um sequestro só comparável à invasão do CCC em 1968 a “Roda Viva”.


E agora esta mulher está incapacitada de estar à frente do trabalho que adora, de comandar a direção de Video e das filmagens das Dionizíacas esta semana, e tem de ver a sociedade, a Mídia sempre tão escandalosa, impassível com este fato.


Porque tudo isso ?


Porque um ex-marido ciumento, totalmente perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar o filho do convívio da Mãe, acusando Elaine de trabalhar num “Teatro Pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara, para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino Theo.


Quase todas as 90 pessoas que trabalham na Associação Oficina Uzyna Uzona têm se manifestado por escrito, pois tiveram contato permanente com Theo, Elaine e Fred dentro do teatro e fora dele e não se conformam com a falta de eco de seus protestos.


Porque tudo isso ?


A revolução cultural da liberdade que uma grande parte dos seres humanos vem conquistando determina uma reação absolutamente inquisitorial, fascista, como é o caso dos homofóbicos da Av. Paulista e no caso, não do Estado Brasileiro, mas da própria Sociedade Reacionária incorformada, querendo novamente impor censura à Arte, aos costumes, e pior à vida dos que escolheram viver livremente o Amor.


E é incrível aqui, a liberdade de imprensa tão fervorosa em escândalos moralistas, se cala totalmente diante de um atentado a dois seres humanos, Elaine, a Mãe, e Theo seu filho, e a um teatro de 52 anos como o Oficina, e não toca no assunto, como se fosse o Partido Comunista Chinês, os Republicanos dos EEUU e os fundamentalistas islâmicos do Irã.


Tenho feito inúmeras reportagens sobre as DIONIZÍACAS, e falado no assunto, mas a divisão ainda tayloriana de trabalho impede que os jornalistas levem a sério o que estou dizendo, por não estar no limite das matérias que estão fazendo comigo.


Enquanto isso uma mulher, ELAINE CESAR, praticamente corre risco de vida na UTI e o Teatro Oficina censurado estreia as DIONIZÍACAS tendo por exemplo de fazer sua propaganda para a TV com material ainda filmadas no edifício do Teatro Oficina, pois as imagens do Teatro de Estádio erguido pelo Brasil em 2010 estão sequestradas pela Vara da Família.


O moralismo desta instiuição, que parece odiar os Artistas como criminosos, dá proteção a um macho ciumento, invejoso, doente, mordido de ciúmes, que está tendo delírios sexuais, projetando em ações discricionárias como as que tem praticado, e pior com apoio da injustiça.


Fazendo um ensaio corrido de BACANTES, que conta a história de Dionisios e da luta de seu adversário moralista, que quer impedir o culto do Teatro em sua cidade, percebi o óbvio. Tudo que Penteu acusa nas BACANTES e em DIONISIOS é projeção de coisas que seu ciúme provocou em sua cabeça.


Elaine, muito tempo depois que se separou deste ex-marido, teve o privilégio de encontrar um novo amor no ator Fred, que é homem muito bonito e muito livre. O macho, ex-Hare Krishna, ciumento, invejoso, então endoidou e começou a imaginar em sua cabeça cenas de pedofilia, sexo de Elaine e de seu novo maravilhoso amor com seu filho, repressão ao TEATRO OFICINA. Elementar, Freud diria.


Os desejos de pedofilia, até de pederastia em relação ao atual marido de Elaine estão nele. Por isso o menino de 3 anos Theo, corre perigo nas mãos deste irreponsável. Uma tia procuradora aposentada, de Brasília, rica, e um deputado devem estar auxiliando o rapaz com seus contatos reacionários aqui na Vara de Família.


Nem sei os nomes das pessoas porque os autos não estão na minha mão. Elaine não tem pai nem mãe, estão mortos. Fred está sem dormir há dias, agora preocupado acima de tudo com a sobrevivência de Elaine. Segunda feira havia uma audiência com o Juiz de família, para copiarmos o absurdo de mais de 400 horas de vídeo dos HD’s. Nenhum de nós nem pôde aparecer, pois estávamos preocupados com a vida de Elaine, hospitalizada na UTI. Fred doi buscá-la no aereoporto, onde voltava de Brasília, para onde tinha ido ver o filho, sob a vigilância de uma babá contratada pela tia. Na despedida Theo o menino chorava, querendo voltar para os braços da mãe em São Paulo, segundo relato de Elaine, que do aeroporto, passando muito mal, teve de ser hospitalizada, e em estado grave o hospital resolveu colocá-la na UTI.


Não sei o que fazer para acordar a mídia, esta Justiça Injusta que, querendo defender a Família, destreoi a vida de uma Mãe, de uma Criança e atormenta todo nosso trabalho maravilhoso neste momento vitorioso do Oficina Uzyna Uzona. Este “taylorismo”, (divisão de trabalho e competências do século 19) da vida contemporânea, esta insensibilidade aos direitos humanos que me é revelada agora neste momento, me faz dedicar as DIONIZÍACAS á todos que lutaram em 30 anos por este momento, mas sobretudo a ELAINE CESAR E THEO.


Que esse filho volte imediatamente para os braços da MÃE antes que aconteça o PIOR.


E que o material apreendido retorne imediatamente ao Oficina Uzyna Uzona.


É uma Obra de Arte sequestrada em nome de uma atitude mesquinha provocada pelo Ciúme de um Ególatra, de uma Justiça cega e de uma Sociedade, Mídia, conivente como a de São Paulo.


Por favor acordem os trabalhadores da difusão do que acontece de bom e de mau no Mundo e revelem isso a todos. Peço a todos, seja quem for, que façam esse favor de amor aos direitos humanos e batam seus tambores.


Me dirijo especialmente a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire. Médica, Professora da UFRJ, Nilcéa ocupa o Ministério há quase 8 anos. Tem feito um excelente trabalho. O endereço da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República é: Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Edifício Sede, 2º andar – Brasília/DF. CEP: 70047-900. Fones: (61) 2104 – 9377 e 2104 – 9381. Faxes: (61) 2104 – 9362 e 2104 – 0355.


A OTAVIO FRIAS, na FOLHA, aos diretores do ESTADÃO, do GLOBO, das TV’S, Rádios, que apurem os fatos. Nós estamos envolvidos nos trabalhos de estrear dia 17 as DIONIZÍACAS, um marco na história do TEATRO MUNDIAL, e nos sentimos impotentes diante da gravidade do assunto, de uma VIDA HUMANA CORRENDO O RISCO, POR SEUS SENTIMENTOS DE DIREITOS HUMANOS TEREM SIDO AGREDIDOS.


Colaborem conosco, estamos sobrecarregados dos trabalhos das DIONIZÍACAS, mas não podemos parar pois é a ARTE somente que temos para dar Vida a Elaine nestes dias.


José Celso Martinez Corrêa


14 de dezembro de 2010, 07:40


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MULTIDÃO! JUSTIÇA E ADORAÇÃO!


Cartas de Zé Celso ao desembargador responsável pelo caso


10/12/2010


Eu, José Celso Martinez Corrêa, advogado, e sobretudo, se humano entregue inteiramente à Paixão ao Teatro, 73 anos, identidade 1986056-0 SSPSP, CPF 059.314.428-71, residente à Rua Achiles Masetti 138, ap 63 – CEP 04006-020, diretor teatral há 52 anos do Teatro Oficina tombado pelo IPHAN, como PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL DO BRASIL, situado na Rua Jaceguay 520, CEP 01315-010 São Paulo, Bixiga, venho através deste documento, reivindicar a devolução imediata de todo material de vídeo, apreendido na tarde de hoje, dia 9 de dezembro de 2010, na residência da diretora de vídeo do Teatro Oficina. Houve no caso um “embargo de terceiros em que o Teatro Oficina é o senhor possuidor dos bens apreendidos”. Mas nem vou requerer a esta medida, pois sou advogado e conheço a morosidade da justiça. Em nossos tempos como artista tenho de testemunhar publicamente esta injustiça. E a Multidão que quer ver as DIONIZÍACAS fará JUSTIÇA com ADORAÇÃO.


Este material não tem caráter privado, pertence ao Teatro Oficina, mais especificamente à Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona. No apartamento da diretora de Vídeo do Teatro, tem seu Estúdio onde, em equipe, montavam as partituras Ggavadas para as peças, inclusive as que estão sendo ensaiadas, divulgadas, e que serão apresentadas para o público do dia 17 ao dia 20 de Dezembro, no entorno do Teatro Oficina. No Ex Estacionamento do Baú da Felicidade.


Assim há peças de publicidade que estão sendo realizadas para serem divulgadas na Internet, na Televisão, no Site do Teatro, para este evento.


Os HDs, câmeras, todo material apreendido por oficiais de Justiça, estão em pleno uso, para a preparação na Estrutura de Teatro de Estádio no entorno do Teatro, da apresentação de “AS DIONIZÍACAS”: 4 peças de Teatro Total Multimídia em que grande parte deste material apreendido constitui a Partitura Visual da Encenação.


E desde já este material é utilizado nos ensaios diários destas peças realizadas no Teatro Oficina esta semana e na que vem, na Estrutura já montadas do Teatro de Estádio de São Paulo.


AS DIONIZÍACAS foram apresentadas em 7 capitais do Brasil, em estruturas para 2.000 pessoas, em bairros populares como é o BIXIGA, para onde se dirigia também a elite das capitais para juntamente com o povo do local participarem deste grande evento, dado de graça à população em troca de 1 kilo de alimento não perecível. O evento é patrocinado pelo MINISTÉRIO DA CULTURA DO BRASIL.


Em São Paulo, acontecerão as últimas DIONIZÍACAS e o evento reveste-se de uma característica especial, vem comemorar o término de uma luta de 30 anos entre a Cultura, a defesa do Crescimento do Bairro do Bixiga, o TEATRO OFICINA X GRUPO SILVIO SANTOS.


Como gesto de Paz, Sílvio Santos pessoalmente nos emprestou o espaço, num acordo de cavalheiros. Assim vamos mostrar para as multidões, que estarão presentes os espetáculos, que serão também assistidos nas suas transmissões diretas via internet.


Há 30 anos lutamos para a complementação de um Projeto Urbano de uma das maiores “arquitetos” do século XX, Lina Bo Bardi: a realização do “AnhangaBaú da Feliz Cidade”: um Complexo Cultural, que envolve a construção de um “Teatro de Estádio” definitivo. Uma “Universidade Popular”, a trazida do Verde para o Bixiga, que chamamos “Oficina de Florestas”.


A relatora do Tombamento do Teatro Oficina pelo IPHAN, Jurema Machado, conselheira do órgão e também da UNESCO, recomendou neste documento a compra ou desapropriação do entorno do Oficina para a realização deste Projeto.


Negociações já foram iniciadas pelo Ministro da Cultura com o Grupo Silvio Santos para se chegar a Compra ou Desapropriação do entorno para a finalidade de Construção desta Grande Obra Urbanística que fará o BIXIGA retornar aos seus dias de Centro Popular e Cosmopolita de São Paulo.


O acontecimento das DIONIZIACAS em São Paulo em terreno em que será completado o Projeto de Lina Bo Bardi, é portanto de caráter Histórico e está tendo uma repercussão enorme na Mídia. Não pode portanto ser obstado neste momento por uma questão de ordem privada, pois seu caráter de Arte Pública é evidente.


Acresce que foi apreendido um HD que foi batizado pela Diretora de Vídeo do Oficina de “ETHERNIDADE” com material de todos os 50 anos passados do Teatro Oficina, que em parte foi apresentado em 2009, na Exposição no ITAÚ CULTURAL DA PAULISTA com o nome de “OCUPAÇÃO ZÉ CELSO”. Se este material sofre uma avaria, se perde toda a memória desta importantíssima história do Teatro Brasileiro e Mundial, o que pode vir a se constituir num Crime.


PRECISAMOS DA DEVOLUÇÃOO IMEDIATA DESTE MATERIAL PARA OS ENSAIOS GERAIS TÉCNICOS DAS 4 PEÇAS Q JÁ ESTAMOS FAZENDO, PREPARANDO-NOS PARA A RECEPÇÃO DO PÚBLICO DO DIA 17 AO DIA 20.


Esse material faz parte das peças com 90 atuadores.


Trabalhamos com Teatro de Estádio Multimídia e estas imagens são como textos iconográficos da ação cênica. Considero este fato uma grave violência à Cultura, a Arte, especificamente ao Teatro. Que seja devolvido imediatamente para evitar um prejuízo enorme à cia e que desde já fere meu coração como a agressão em 1968 à peça “RODA VIVA” de Chico Buarque de Holanda, realizada pelo CCC.


A repercussão nacional e mundial desta agressão determinará um capítulo escabroso da história da justiça brasileira.


Nestes HD’s está também um filme que Elaine Cesar faz sobre minha pessoa, juntamente com Tadeu Jungle diretor da conceituadíssima Produtora “Academia de Filmes“, produzido pelo ITAÚ CULTURAL.


Por estas razões que além do prejuízo mais que financeiro, impede-nos de realizar o que está contratado com o MINC, com a população de São Paulo, de todos amantes da Cultura do Teatro no Mundo, pedimos deferimento imediato.


É um atentado à Cultura, vindo de uma ação impregnada de machismo de um E ex-marido ciumento.


Uma Novela diante do trabalho seríssimo deste retorno à época mais esplendorosa do Teatro Mundial, a Tragédia Grega, que reinventamos com nossas Óperas de Carnaval da TragyComédiOrgya.


Que retorne para as mãos o material intensamente Cultural apreendido ao seu possuidor: O Teatro Oficina


Não consigo nem pensar em prejuízo econômico por tal apreensão, pois não concebo não serem encenadas, nas datas marcadas, com as imagens necessárias, as DIONIZÍACAS.


Elas serão realizadas e vamos botar a boca no mundo para que tal aconteça.


São Paulo, 9 de dezembro de 2010


José Celso Martinez Corrêa


diretor há 52 anos do Teatro Oficina

JUSTIÇA JUSTA DE XANGÔ

SEJA FEITA

JUSTIÇA E ADORAÇÃO!



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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

TORNE-SE UMA PESSOA PERIGOSA: TORNE-SE UMA PESSOA BEM INFORMADA.

“Não sei se é fascismo ou farsismo”

Entrevista de Vera Malaguti sobre os episódios do Rio de Janeiro


Por Gabriel Brito e Valéria Nader, Correio da Cidadania


Postado em 9 de dezembro e repostado por Myltainho e Amancio em 15 de dezembro de 2010

Após mais uma onda de violência na cidade do Rio de Janeiro, o Brasil se deparou com um espetáculo deprimente de suas mazelas sociais e humanas. Após traficantes descer ao asfalto, promovendo assaltos e queima de veículos, por razões ainda pouco esclarecidas, novamente a cidade se viu em pânico. Situação inflada pela cobertura espetacularizada da grande mídia, que por sua vez endossa sem parar as políticas fracassadas de mera repressão à ponta pobre do tráfico, isto é, nos morros.


Em entrevista ao Correio da Cidadania, a socióloga Vera Malaguti, secretária geral do Instituto Carioca de Criminologia (ICC), criticou os governos estadual e federal, especialmente em relação à entrada das forças armadas na questão, de legalidade questionável.


"Tudo é ilegal aqui. Estamos vivendo em regime de exceção", afirmou Vera, referindo-se também às violências cometidas contra moradores inocentes das áreas invadidas pelas forças oficiais.


Para ela, o processo faz parte de uma política de ocupação de áreas pobres, idealizada pelos EUA há décadas, que visa também garantir um controle militarizado da vida das pessoas, além de abrir caminho para "os negócios transnacionais e olímpicos".


Vera Malaguti questiona a política de segurança do governo Cabral, por considerar as UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora – e toda a recente operação, mais uma ação de marketing, baseada nas mesmas políticas de repressão sem investimento social, amplamente fracassadas.


"Estão ocupando a cidade. Para que fluam os grandes negócios transnacionais e esportivos. Para que as pessoas possam fruir sem serem incomodadas pela nossa pobreza."


Vera não poupa o ex-secretário Luiz Eduardo Soares ("ele é um pouco responsável pela glorificação do Bope como solução"), cujas análises foram elogiadas por setores progressistas.


O apaziguamento do clima de guerra que se instalou no Rio, a partir da colaboração do Exército e da Força Nacional de Segurança na expulsão dos traficantes do Morro do Alemão, levou a um clima de euforia entre a população, seguido pela maior parte da mídia. Como encara as ações imediatas tomadas pelo governo para controlar a crise?


Estranhei muito. Penso que a euforia foi fruto de uma campanha midiática. Gosto de falar com base em evidências, mas desde o início considerei muito estranhos os acontecimentos. Comparando com aquela vez em São Paulo, em 2006, quando a cidade parou, na hora em que o governo decidiu mobilizar as forças armadas, ainda se teve uma meia dúzia de carros queimados, mas nenhuma vítima. Tudo foi engatilhado de um jeito que pareceu muito estranho. Se formos ver a análise da mídia, como a da Folha, que dessa vez foi mais crítica, vê-se que existia uma combinação com a Rede Globo, tanto que na véspera eles anunciavam o “Tropa de Elite 3”, e no dia seguinte transmitiram aquilo o dia inteiro. Diante do que acontecia, creio que a reação foi desproporcional em relação ao ocorrido, e aí não entendemos de fato como foram as coisas. Seriam 600 homens, ou não? As apreensões mostradas também não fazem muito sentido, porque o envolvimento das forças armadas em tais situações é muito questionado no mundo inteiro.


Os EUA, por exemplo, proíbem suas forças armadas de trabalhar como polícia. No entanto, estimulam muito que as forças armadas latinas entrem nesta guerra perdida, como no caso do México, grande exemplo disso.


Desde 1994, quando da operação Rio 1, as conversas com o Comando Militar do Leste sempre receberam a recusa das forças armadas brasileiras, por ser algo perigoso. Da mesma forma que a polícia se desmantela nessa guerra sem fim, as forças armadas, que na verdade são responsáveis pela nossa soberania, poderiam passar pelo mesmo. Atirá-las nessa guerra perdida é uma aventura. As forças armadas norte-americanas não entrariam nessa jamais.


Portanto, creio que foi um ato midiático, como tudo que é feito pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Só que desta vez o governo federal embarcou na aventura, a meu ver de forma muito irresponsável, correndo o risco de colocar as forças armadas brasileiras num impasse geopolítico.


Mas no momento específico, e diante da dificuldade da polícia carioca no enfrentamento frontal ao tráfico dos morros, a presença do Exército, assim como da Marinha e Aeronáutica, não seria necessária como medida emergencial?


Em 2006, em São Paulo, aconteceu algo muito mais grave, muito mais profundo, e as forças armadas nem foram cogitadas. Quando entraram, tinha-se meia dúzia de carros queimados e nenhuma vítima. Na França, é normal queimarem 300 carros num protesto, e o exército francês nunca entrou pra interferir. E nunca considerou esses atos terrorismo, e sim manifestação.


Acho que tudo faz parte de uma escalada do modelo norte-americano de ocupação. Inclusive saiu uma entrevista do ministro (da Justiça, e futuro governador do Rio Grande do Sul) Tarso Genro no Pagina 12, da Argentina, na qual os jornalistas se assustaram com as declarações dele, pois tinham um jargão bélico constante.


Ao mesmo tempo, é um modelo fracassado, pois os EUA estão perdendo a guerra no Iraque nessa acepção.


Fracasso da guerra às drogas também.


Exatamente. A guerra às drogas já virou um mico mundial. Portanto, essa escalada do Rio de Janeiro me parece fazer parte do processo que mencionei. Já tivemos a chacina do Pan, também no Alemão. É algo muito midiático, e também perigoso, por ser uma escalada bélica.


E agora, miraculosamente, acabou tudo, está tudo calmo. O que acontece no Rio de Janeiro de verdade? Acho que ainda faltam elementos para afirmarmos algo com responsabilidade, mas me pareceu tudo muito rápido e alinhado à Globo. Parecia tudo parte dos efeitos Tropa de Elite. Tanto que na véspera do “Dia D”, a manchete do O Globo era “Tropa de Elite 3”. E depois houve aquela cobertura toda, enquanto do lado de lá se viam escombros, tanto que houve várias comparações com Canudos.


E o day after é aquilo que a gente conhece sempre, a história de invasões da polícia às comunidades faveladas.


Na invasão do Alemão, em 2007, durante o Pan, foi a mesma coisa, e nem o tráfico de drogas, nem o controle armado do território por criminosos foram, no entanto, até hoje eliminados. Pelo contrário, estamos diante do mesmo morro, agora com ocupação ainda mais extensa, a partir da participação direta da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal, do Exército, Marinha e Aeronáutica. Trata-se da persistência inócua e equivocada de uma política de ocupação, não?


Sim. Os moradores sendo humilhados, torturados, tendo suas casas roubadas, reviradas, aquilo que a gente conhece. Agora com o agravante da glorificação de uma polícia militarizada, um efeito perverso que enxerguei nos filmes Tropa de Elite, e que me parece formar esse todo, de glorificação da força militar.


O saudoso coronel Carlos Magno Nazaré Teixeira, assassinado em 1999, policial militar com formação humana, profunda, crítica, escreveu um artigo intitulado A remilitarização da segurança pública. É, de fato, um processo. O Brasil aderiu agora; e, surpreendentemente, a partir do governo federal.


Esse cenário não tem sido construído, com a ajuda da mídia, como forma de criar uma legitimação para a Copa e as Olimpíadas? A força militarizada não serve pra sufocar os gritos contrários?


Com certeza. Além disso, abrir caminho também para os grandes negócios transnacionais. Crime organizado é isso aí. Esses negócios olímpicos e transnacionais fazem parte da estratégia de ocupação das áreas pobres. É mais um capítulo dos “muros ecológicos”, “paredes acústicas”, que vão murando e isolando as áreas pobres. Depois, as pessoas falam que é uma alternativa. Não, não é uma alternativa ao modelo, e sim seu aprofundamento, chegando agora na ocupação militarizada das favelas.


Eu chamo de gestão policial da vida. Pra fazer uma festa tem que pedir autorização. Por isso, creio estarmos diante de um projeto de ocupação militarizada nas áreas de pobreza do Rio de Janeiro, com uma cobertura vergonhosa da grande mídia.


O Loïc Wacquan escreveu artigos como Punir os Pobres, A Penalização da Miséria, mas um em especial chama a atenção: Da Penalização à Militarização. Durante esses dias, ele me mandou uma mensagem perguntando isso: "Vera, estou vendo tudo pela TV. É aquilo mesmo, da penalização à militarização?" Acho que é exatamente isso. Demoniza-se algumas atividades em certas regiões, depois se criminaliza e se entra com tudo no lugar em questão. É o que também chamamos de indústria do controle do crime, é uma modalidade de economia. As próprias forças armadas, em parte, resistem a isso.


Mas como parece que nosso ministro da Defesa gosta de trocar inconfidências com ministros americanos, como vazou o WikiLeaks, vimos que os EUA queriam saber se o Rio de Janeiro poderia sofrer terrorismo e que lhes interessava vender-nos tecnologia para tal combate.


Não só vender equipamentos, como até editar uma lei antiterrorismo, como também foi vazado.


Tudo o que acontece são tecnologias de guerra sendo vendidas. Os jornais mostravam os blindados, a polícia dizia que gostava... Enfim, estamos comprando as sucatas das derrotas dos EUA no Iraque e no Afeganistão.


De Israel também, haja vista que o Brasil, e especialmente o Rio, é um grande cliente dos israelenses no mercado de armas, não?


Certamente. Israel é o grande parceiro das vendas de serviços e tecnologia nessa área. Mas antes é preciso construir o discurso do inimigo, o que o grande jurista argentino Zaffaroni chama de “direito penal do inimigo”. As garantias vão sendo suspensas, prende-se os familiares, advogados. Ou seja, estamos vivendo no Rio um Estado de Exceção. Não vi nenhum morador dessas áreas aplaudindo. Como também nunca vi morador elogiar UPP, apenas vejo a mídia dizer que eles aprovam. Na cobertura do day after, só vi morador se sentindo humilhado, violentado, esculachado, roubado... A história de sempre, desde Canudos.


Não sei se o nome adequado é fascismo ou farsismo.


Já vêm soando rumores de que o Exército poderia permanecer nas áreas conflagradas por tempo maior que os 8 meses cogitados, fincando suas bandeiras nessas áreas até a Copa do Mundo. Ao lado do risco de contaminação do Exército pelo tráfico, uma permanência tão estendida é a prova cabal da política de militarização imposta pelos EUA, não?


Acho um perigo para a soberania nacional colocar as forças armadas nessa guerra perdida. E digo mais: não me parece que a situação do Haiti seja bonita, onde nossas forças armadas comandam uma ocupação. Como está lá? Nossas forças armadas vão se transformar em polícia de contenção de pobreza absoluta? Eu acho uma tristeza, além de um precedente perigoso.


E tem ainda o circo das ongs: a Viva Rio, que aqui no Rio é chamada de Viva Rico, esteve lá no Haiti. Vai participar aqui também?


Tirar as forças armadas de seu papel, de garantir a soberania nacional, é o sonho dourado dos EUA. As forças armadas deles não entram jamais numa empreitada dessas, mas eles recomendam a todos os outros que o façam.


O governo Lula aderir a isso é uma vergonha.


Sem contar a sensível questão acerca da legalidade de tal atuação.


Tudo é ilegal aqui. Estamos vivendo em regime de exceção, tudo é ilegal. Desde a inviolabilidade do lar até a gravação das prisões de advogados, fora outras coisas que já citamos.


E a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] do Rio já apoiou a operação desde o começo. Em vez de ficar na trincheira de luta, observando se as garantias constitucionais estão sendo levadas em conta, já entrou apoiando, como também o fez na operação de 2007 no Alemão.


E a atuação da grande mídia...


Parece que estão transmitindo mais uma atração dominical.


Exatamente. E com a glorificação da truculência, da militarização. É de fato a glorificação da figura do Capitão Nascimento.


Fora o massacre ideológico, com as mesmas figuras defendendo por horas e horas todas as ações, com as mesmas ideias de sempre, que, como você já disse, só acumularam fracassos.


É uma cobertura que serve muito mais para as pessoas não entenderem o que acontece. E, no final, os resultados são pífios. Cadê os 600 homens, cadê as armas? Aparece uma bazuca aqui, outra ali...


Sinceramente, acho que, se olharmos bem, vamos ver que as forças armadas, polícias civil, militar, fizeram um fiasco, prendendo um monte de pé rapado. Não há novidades no front.


Qual a sua avaliação quanto à política das UPPs no Rio de Janeiro, tanto no que se refere ao conceito e objetivos que lhes dão sustentação, como à forma pela qual vêm sendo conduzidas?


É parte de todo esse jogo. É uma obra de arte midiática, uma peça de marketing. O governador do Rio é expert nisso. O Rio tem o maior investimento em segurança pública e está em penúltimo no ranking da educação de todo o país.


Se pegarmos o que o governo do Estado investe em marketing... As UPPs são mais uma peça publicitária, parte dessa militarização da segurança pública, por se tratar de uma ocupação militar, na qual os moradores são obrigados a se submeter a tudo, até a pedir permissão pra fazer uma festa. Além de significar a glorificação da gestão policial da vida – dos pobres, é claro.


E a prefeitura, cujos integrantes participam do mesmo projeto político, entra com o Choque de Ordem, que busca tirar todas as estratégias de sobrevivência dos pobres na rua. Mas, ao mesmo tempo, as ruas do Rio são invadidas por empresas transnacionais.


Portanto, o camelozinho pobre não pode botar suas bugigangas na Vieira Souto. Mas no fim de semana retrasado um laboratório francês, enorme, estava lá com container, fazendo exames de câncer de pele e distribuindo filtro solar.


Fazendo exames e, claro, uma belíssima ação de marketing.


É. A empresa pode. Mas as estratégias de sobrevivência dos pobres, criadas pelo povo, não. Essas são demonizadas e criminalizadas. Agora, a ocupação militar. Uma vergonha. Mesmo com todas as críticas que tenho, nunca esperava um papelão desses do governo federal, que entrou na jogada.


O sociólogo Luiz Eduardo Soares adverte que sem ir à raiz da relação promíscua entre policiais e traficantes as UPPs não têm chance alguma de sucesso, visto que seriam contaminadas pelo mesmo esquema de corrupção.


É, pode ser, mas o Luiz Eduardo Soares é um pouco responsável, é o criador do Capitão Nascimento, o novo herói nacional.


Tenho uma posição muito crítica em relação à produção do Luiz Eduardo Soares. Ele é um pouco responsável pela glorificação do Bope como solução. Mas ele alterna também. Está esperando a polícia ficar limpa no capitalismo... Vai ter que esperar um bocado.


Ninguém está limpo no capitalismo, mas quem está menos limpo é a sociologia fluminense, que está toda inserida no mercado, nossa! Na cobertura, apareciam todos apoiando a operação. Inclusive ele, na última entrevista, disse: "sou a favor da repressão, mas..."


Portanto, tenho uma visão muito crítica a ele especificamente, pois acho que os Tropas de Elite 1 e 2 tiveram esse efeito perverso. Tanto que o ápice do 2 é a tortura do político corrupto. E a tortura é a estrela dos dois filmes. Por isso, acho-o muito responsável pelo que culminou com o Globo chamando toda a história de Tropa de Elite 3.


O que pensa dessa relação promíscua entre policiais e traficantes, assim como de seu impacto sobre as UPPs?


Acho que o proibicionismo, a política criminal de drogas dos EUA, à qual aderimos desde a ditadura, produz esse resultado, razão pela qual as forças armadas não podem entrar, pois vão se desmantelar.


Não é um problema moral, e sim de escolha política que se faz. Quanto mais repressão, maior custo. E políticas que não legalizam o segundo emprego do policial, jogando-o na ilegalidade, só contribuem ainda mais.


Não é uma questão moral das polícias, mas uma questão econômica, dentro de um capitalismo selvagem.


O mesmo sociólogo há algum tempo tem ressaltado que o tráfico armado, tal qual se apresenta hoje, é um modelo em extinção – não devido à existência das UPPs, mas em função de sua estrutura pesada e custosa, tendente, portanto, a caminhar para formas mais sofisticadas de crime organizado. As milícias tão preponderantes hoje no Rio, cujos membros são em grande parte policiais, seriam uma dessas modalidades mais ‘atualizadas’ do crime organizado. Diante do que se viu no Rio, você comunga dessa avaliação, de que o tráfico armado nos moldes atuais esteja realmente em extinção no Rio?


Acho que ainda não tenho, nem ele, elementos para afirmar isso. Pierre Bourdieu criticava muito o que chamava de fast thinker [pensador rápido]. Aqueles caras que a grande mídia sempre procura. Pode ver que a grande mídia procura sempre os mesmos. É uma penca, não vou citar nomes. Pra você dizer algo assim, tem que se fazer uma pesquisa, se aprofundar, mas para a Globo News eles sempre sabem tudo já na hora dos acontecimentos.


Eu sou uma slow thinker [pensadora devagar]. Não tenho elementos para confirmar essa teoria ainda.


Mas, de toda forma, as milícias têm sido um braço fortíssimo do crime organizado, até com mais tentáculos, e sem combatê-las não vai adiantar absolutamente nada, no final das contas, eliminar somente os comandos tradicionais.


Claro. Estranhamente, o governo estadual resolveu combater somente uma das empresas do comércio varejista de drogas. Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência, conhecendo o mercado, sabe que em caso de se partir pra cima de alguém em seu espaço, retirando-o de lá, tal espaço será ocupado por outra empresa. Mais uma vez, todo esse aparato foi pra cima de uma das empresas. Estranhamente, as outras (milícias) têm uma relação maior com a polícia. Natural.


Houve um momento em que todo o mundo dizia que as milícias eram autodefesa ao narcotráfico. Deu no que deu. As milícias cresceram, primeiro sendo glorificadas, e agora fica tudo meio embolado.


O que pensa sobre o modelo de polícia hoje existente? Quais seriam, a seu ver, as políticas públicas e medidas que, a médio e longo prazos, realmente incidiriam sobre este modelo de modo a enfrentar o tráfico e a violência em uma cidade como o Rio de Janeiro?


Primeiramente, acabar com o proibicionismo, ou seja, a política proibicionista norte-americana. E, claro, as velhas políticas públicas: escola pública de tempo integral, saúde, enfim, todo o universo da agenda que perdemos, porque agora nossa agenda é só segurança pública, ela vem na frente de tudo.


Em terceiro lugar, o protagonismo da juventude popular, pois uma das coisas que a criminalização das estratégias de sobrevivência faz é também criminalizar a potência juvenil, popular, transformando-a em bandidagem.


Precisamos recuperar os movimentos políticos que dão potência e protagonismo à juventude popular. E não demonizá-los, criminalizá-los e agora aniquilá-los.


O que pensa sobre o atual modelo de polícia?


É o mesmo de sempre. É a história da polícia do Brasil. Começou para erradicar quilombos e assim continua. Erradicando e “pacificando” quilombos. Não mudou nada.


Para evitar questionamentos quanto à política salarial e orçamento público, o governo faz vista grossa para várias “ilegalidades”, como os bicos feitos por policiais de modo a incrementar seus ganhos – bicos que, em função do mencionado proibicionismo, estão na raiz do tráfico e da formação de milícias. Diante desse cenário, seria possível lidar com a situação de modo a que a raiz da degringolada fosse de fato enfrentada, sem um novo enfoque para as políticas públicas, e sem, ademais, um novo olhar para a cidade?


O Luiz Eduardo, por exemplo, gosta de vender modelos de segurança. Acho que o modelo de segurança é algo que precisa ser construído coletivamente. E utopicamente também.


Toda cidade que precisa de muita organização policial tem algo de muito errado. As cidades seguras são aquelas que precisam de pouca polícia.


A desigualdade social, a brutalização da pobreza, essas medidas compensatórias, que aprofundam os nexos da desigualdade... Precisamos construir um modelo de felicidade para a cidade, no qual a segurança seria a última prioridade. Porém, não acredito nisso.


Estamos voltando à República Velha, época em que, quando se pensava na questão social, pegava-se um revólver. Estou me sentindo na República velha, quando as questões sociais eram resolvidas pela polícia.


Precisamos de menos polícia, menos prisão, mais beleza, mais cultura, mais alegria, mais potência juvenil e popular, protagonizando as coisas.


Como vislumbra que o futuro governador do Rio, assim como a futura presidente do Brasil, vão lidar com o tema da Segurança Pública?


Olha, estou morrendo de medo dos dois. A perspectiva é sombria. E como o ministro da Defesa será mantido... Parece que estaremos bem com as embaixadas americana e israelense.


Podemos, dessa forma, imaginar uma intensificação desse modelo militarista de mediação social?


Estão ocupando a minha cidade. A linda, insubmissa e rebelde cidade do Rio de Janeiro. Para que fluam os grandes negócios transnacionais e esportivos. Para que as pessoas possam fruir sem serem incomodadas pela nossa pobreza. Essa é a minha triste impressão dos acontecimentos.


Como eu disse, não sei se é fascismo ou farsismo.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

LULA & DILMA QUER CENSURA?

Invenção dos caras da mídia gorda.
Eles que começaram, e Jô Soares, que
é censurado, ainda vem encher o saco.

Jô é censurado e não percebe, ou finge que não vê. O programa deve ser horário nobre, máximo 21 h.


Por Mylton Severiano


8 DE DEZEMBRO DE 2010, madrugada. Começa o dia em que, há trinta anos, um norte-americano assassinou o britânico John Lennon, em 1980. No Brasil, desenrola-se na Rede Globo o programa do Jô Soares.

Não pode passar batida a entrevista que o ex-assessor de imprensa e amigo do presidente Lula, jornalista Ricardo Kotscho, concede naquela quarta-feira. Kotscho é questionado por Jô Soares sobre a cretinice inventada pela mídia gorda de que Lula quer impor censura sobre a “liberdade de expressão”.


Que eu saiba, foi a primeira vez que alguém, na própria sede da maioral da mídia gorda, disse que ela – que acusa o atual governo de censura – foi ela mesma, a mídia gorda, quem defendeu estado de exceção baseado justamente em… censura! O maldito 64.


No diálogo entre Ricardo Kotscho e Jô Soares, tomei a liberdade de interferir, e vão minhas interferências em negrito sublinhado. Atenção, eu não estava lá, não participei, minhas interferências são “virtuais”. Segue trecho do programa do Jô, com minhas interferências:


Jô Soares – O governo... parece que o governo está estudando a criação de um órgão pra controle, pra controle de conteúdo de rádio e televisão. O que você sabe dessa proposta, o que é que há de concreto e o que você acha disso?


Mylton – Mas está tudo sob controle. O programa do Jô vai ao ar quando o povo brasileiro dorme, que precisa trabalhar e levantar cedo. Só vagabundo, ocioso, rico, neurótico, aposentado, e os notívagos da sociedade, gente boa ou ruim, é que vê Jô Soares. Então para mim o programa do Jô é censurado.


Ricardo Kotscho – Olha, de concreto não há nada – até é bom levantar isso. Participei de um congresso, semana passada, na TV Cultura, sobre liberdade de imprensa, e estava esse negócio – o medo, o pânico, a censura, a volta da censura… Mas, quem fala isso, não viveu aquele tempo – eu vivi e eu sei como é que é…


– Não, eu também e eu sei, inclusive, que é inconstitucional…


Mylton – Mas Jô, você na ditadura enfiou o galho dentro... agora vem com isso de que cercear é inconstitucional, e na ditadura você entrou numa trip que, será que você poderia recordar? (Ele não responde hoje, mas Jô se omitiu na ditadura.)


Kotscho – É impossível, hoje nós vivemos em uma democracia…


– Então por que é que há essa onda, que tem até nome?


Kotscho – Então eu vou te falar: controle social da mídia, são documentos que circulam em sindicatos… Da categoria de comunicação, em congressos, simpósios, seminários… Tem gente que quer isso mesmo. Mas é uma minoria que nunca consegue…


– Sempre tem gente…


Kotscho – Sempre tem, sempre tem… Desde sempre, desde o começo, quando eu trabalhava lá com ele [Lula] como secretário de imprensa. Nunca houve nenhuma medida de controle da imprensa. Aí vão dizer assim: “Ah, mas o Estadão…”; o Estadão é uma questão do Judiciário [não pode o jornal noticiar nada sobre falcatruas do filho do José Sarney, Fernando, e o Estadão está há 400 dias sob censura: do Judiciário, mas é censura]. Todos os problem as que existirem de controle da informação são da Justiça, não tem nada a ver com o governo federal. Nem do atual governo Lula. E conheço muito bem a presidente eleita, Dilma, e não vai ter.


O Franklin Martins, nesse seminário da TV Cultura, disse, com todas as letras:


“Controle social da informação é bobagem por um motivo muito simples: é inviável”.


Sabe?, não dá pra fazer. Quem vai controlar? Como vai controlar? Quem controla, somos todos nós. Controlamos sempre…


– Dá pra controlar, não precisa nem levantar, hoje…


[Jô faz mímica simulando uso do controle remoto]


Kotscho – Não tá gostando da nossa conversa, muda lá no controle remoto, compra outro jornal amanhã… É esse o controle que existe.


– Agora, tem uma coisa, por exemplo…


Kotscho – Só uma coisa, Jô, deixa eu só complementar. Quem tá falando isso, todo dia, em manchetes, esse negócio de ameaça, na campanha eleitoral se falou… Não tem. Eu me lembro muito bem, que eu sou dessa época, o Estadão ajudou a dar o golpe de 64. Ele fez reuniões dentro do jornal, que acabaram implantando a censura no Brasil, a ditadura que ele não gostou.


A Folha de São Paulo, você vai se lembrar disso, demitiu o Cláudio Abramo, que era um grande diretor de Redação, a pedido dos militares. Aí ninguém fala em liberdade de imprensa.


A Veja…


– Mas aí havia uma ditadura… reinando.


Kotscho – Exatamente, isso que eu quero dizer. Aí havia censura, e aí ninguém falava em liberdade de imprensa…


– Por isso tão rígido a…


Kotscho – A revista Veja, a editora Abril, também não falava em liberdade de imprensa, a pedido dos militares.


– Foi tão rígida, na Constituição, a medida que se tomou pra que não houvesse mais…


Mylton – Jô, você tá querendo continuar a encher o saco, vê se põe seu programa às oito da noite, no máximo às nove, porque nas altas madrugadas, pra mim é censura.


Kotscho – Olha, eu tenho mais de cinquenta anos de profissão. Eu tenho um nome a zelar. Eu não vou falar pra um grande público como o teu, aqui, uma coisa que eu acho que pode estar errada. Eu tenho certeza: não houve e não haverá nenhum risco [de cerceamento].


Bem, que o Jô Soares faça suas entrevistas sem cerceamento da Rede Globo, às claras, e não na calada da madrugada, mas tipo horário nobre, oito da noite, sem censura, não? Censura de horário.

REFLEXÃO SOBRE O CASO WIKILEAKS

O cerco ao WikiLeaks
Cadê a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e a liberdade do escambau-a-quatro?


Antonio Luiz M. C. Costa

Entre as muitas ironias que produziu, uma das mais saborosas do caso WikiLeaks é ter dado oportunidade ao jornal russo Pravda de zombar do sistema legal e da censura nos EUA.


Depois de comentar mensagens do WikiLeaks que mostram o governo Obama pressionando Alemanha e Espanha para encobrir torturas praticadas pela CIA no governo anterior, o colunista e editor legal David Hoffman tripudia: “Agora, dado que o fundador do WikiLeaks Julian Assange enfrenta acusações criminais na Suécia, fica também evidente que os EUA têm o governo sueco e a Interpol no bolso. Claro que não sei se Assange cometeu o crime do qual é acusado. Sei é que para o ‘sistema’ legal dos EUA a verdade é irrelevante. No minuto em que Assange revelou a extensão dos crimes dos EUA e seu encobrimento para o mundo, tornou-se um homem marcado.” Aproveita também para apontar a hipocrisia de conservadores e seus porta-vozes na imprensa, que querem as penas mais rigorosas possíveis para o WikiLeaks, mas não tiveram dúvidas em expor a agente dos EUA Valerie Plame quando o governo Bush Júnior quis punir seu marido, o ex-embaixador Joseph Wilson, por denunciar provas forjadas para justificar a invasão do Iraque.


A coluna tem data de 3 de dezembro. O cerco começara com a ordem de captura internacional do governo sueco que colocou o australiano Assange na lista de “alerta vermelho”, os mais procurados da Interpol, a serem monitorados a cada passo. Com um pretexto inusitado para uma operação desse porte, se não surreal: o fundador do WikiLeaks teria continuado a fazer sexo com uma sueca depois da ruptura de seu preservativo e se recusado a usá-lo com outra. Não há sequer um indiciamento formal e as duas acusadoras, Sofia Wilén e Anna Ardin enviaram mensagens por SMS e Twitter alardeando seus encontros com Assange logo após o fato, falando deles em tom elogioso e festivo. A segunda é nascida em Cuba e escreveu artigos para uma publicação anticastrista, sugerindo que pode haver o dedo da CIA no caso.


Na véspera, a Amazon expulsara o site WikiLeaks.org de seus servidores. No mesmo dia 3, o próprio endereço foi deletado pelo provedor estadunidense everydns.com. Foi rapidamente transferido para um domínio registrado na Suíça, wikileaks.ch, mas com parte dos arquivos hospedados no provedor francês OVH que, ameaçado com “consequências” pelo ministro francês da Indústria Eric Besson, entrou na justiça com uma consulta sobre a legalidade da ação.


No dia 4, a Switch, provedor suíço do novo endereço, disse que não atenderia às pressões estadunidenses e francesas para deletá-lo, mas o sistema PayPal de pagamentos via internet, uma subsidiária do eBay, cancelou a transferência de doações ao WikiLeaks. No dia seguinte, a OVH saiu da rede e os arquivos passaram a ser hospedados pelo Partido Pirata Sueco e passou a sofrer ataques de hackers, mas centenas de “espelhos” do site se multiplicaram pelo mundo. O WikiLeaks também distribuiu a todos os interessados uma cópia encriptada do arquivo completo, cuja chave será distribuída caso algo aconteça com o site ou seu fundador.


Nos dias 6 e 7, as redes Mastercard e Visa também cancelaram as doações ao WikiLeaks – embora, como tenha notado o editor de tecnologia do Guardian, nenhuma delas tenha problemas com encaminhar doações ao Ku-Klux-Klan. Além disso, o banco suíço PostFinance encerrou a conta de Assange com o pretexto de que ele “mentiu” ao fornecer endereço no país – também ridículo, pois ele seguiu a praxe e deu o endereço de um advogado em Genebra. Com essas operações, o WikiLeaks perdeu cerca de US$133 mil. Ainda no dia 7, Assange apresentou-se à Scotland Yard e foi preso sem direito a fiança.


Toda essa farsa foi levada ao palco porque as atividades de Julian Assange e do WikiLeaks não são realmente ilegais. Várias decisões jurídicas dos EUA, notadamente a decisão de 1971 que deu ao New York Times o direito de publicar os “Papéis do Pentágono”, concordaram em que a liberdade de imprensa garantida pela Constituição se sobrepõe à reivindicação de segredo do Executivo. O funcionário que vazou os arquivos oficiais pode, em princípio, ser processado, não a organização que aceitou o material e a publicou.


O fato é que Julian Assange é hoje um preso político, detido sob o mesmo tipo de falso pretexto que é devidamente ridicularizado quando usado para se deter um dissidente russo, chinês ou iraniano. Fosse os segredos de algum desses países que tivesse revelado, o fundador do WikiLeaks seria candidato automático a um Nobel da Paz.


Ao serem os segredos dos EUA os que o australiano se dispõe a divulgar – e o que pode vir a ser ainda pior, de seus grandes bancos e empresas (a começar, provavelmente, pelo Bank of America), como anunciou em entrevista à Forbes –, políticos e jornalistas de Washington e de seus aliados do Ocidente passam a considerar justo e aceitável que seja perseguido e preso pela Interpol sob acusações que matariam de rir os responsáveis pelos Processos de Moscou da era stalinista.


O Ocidente tem dificuldade cada vez maior em conviver com os direitos e garantias em nome dos quais julga ter o dever de impor sua vontade ao resto do mundo. Sente cada vez mais a necessidade de leis de exceção e estados de exceção, que pouco a pouco viram regra. O mundo vai descobrindo que é ilusório confiar na Internet como garantia de liberdade de informação.


Antonio Luiz M. C. Costa é editor de internacional de CartaCapital e também escreve sobre ciência e ficção científica.


Via CartaCapital

domingo, 12 de dezembro de 2010

ASSIM O CAPITALISMO NÃO VAI

Que saudade da geladeira velha

Por Mylton Severiano

Quem acredita em Deus O vê surgir em qualquer sinal, assim como em qualquer sinal quem não acredita no capitalismo o vê sumir. Por exemplo, a geladeira nova que eu comprei, depois de ficar vinte anos com a mesma sem ter problema algum, salvo “descongelar” o frízer volta e meia. A nova, com garantia de um ano, com um ano e uma semana enguiçou. Cem paus pra consertar. Passou mais um ano, outro enguiço. Mais cento e poucos paus. Ontem, ela em vésperas de completar 3 aninhos de idade, parou de gelar e o moço diz que esse modelo não vem com num sei quê no num sei que lá, que pra instalar esse num sei quê no num sei que lá são 140 pilas.
E não me venham os publicitários fantásticos e criativos dizer que é porque ela não é nenhuma Brastemp. Ela é uma Brastemp! Frost Free 360.
Assim, o capitalismo não dura até a próxima esquina, gente!

REVELAÇÕES DO WIKILEAKS?

deu no blog do bourdoukan

Não me convencem

Sim, as “revelações “ do wikileaks, ainda não me convencem.
E, por favor, antes de atirar pedras vejam por que tenho dúvidas.


1-Até agora não vazou nenhuma informação substancial sobre o atentado às torres gêmeas em 11/9;


2- Não vazou nenhuma informação sobre os acordos secretos entre Bush pai e Sadam Hussein;


3- Não vazou nenhuma informação sobre a invasão do Kuwait pelo Iraque;


4-Não vazou nenhuma informação sobre a guerra Iran-Iraque;


5- Não vazou nenhuma informação sobre o Iran-Contras;

6- Não vazou nenhuma informação sobre a invasão do Iraque por bush Junior;


7-Não vazou nenhuma informação sobre a invasão do Afeganistão;


8-Não vazou nenhuma informação sobre os inúmeros ataques de Israel ao Líbano;


9-Não vazou nenhuma informação sobre as seis guerras provocadas por Israel;


10- Não vazou nenhuma informação sobre o arsenal nuclear de Israel;


11- Não vazou nenhuma informação sobre a Flotilha da Liberdade atacada por Israel;


12- Não vazou nenhuma informação sobre os genocídios promovido por Israel contra os palestinos nos últimos 63 anos.


E paro por aqui porque a lista é interminável.


Vejam que me ative somente a questões do Oriente Médio.


E nem mencionei Bin Laden.


Acho muito estranho que nada sobre essa região tenha vazado, onde os Estados Unidos possuem interesses vitais.De qualquer forma, continuo dando um voto de confiança ao Wikileaks, mas sem crer que haverá de fato revelações bombásticas.


Aguardemos...

http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CHIODI, FANELLI, PITOMBO E MANTOVANI NA MOSTRA "OBRAS ESPECIAIS"













Obras especiais

Por Oscar D'Ambrosio
Esta exposição reúne trabalhos desenvolvidos a partir de aulas coordenadas pelo artista plástico Rubens Matuck, o educador Paulo Pitombo e a escultora Lela Severino com alunos especiais, integrados com aqueles considerados normais. As obras apontam como diversas maneiras de observar o mundo comportam entendimentos próprios da realidade.
Os trabalhos selecionados indicam como a manifestação artística é uma prática da construção de um olhar e, no caso dos alunos especiais, isso ocorre em circunstâncias ainda mais completas e complexas, pois a atividade sobre uma deficiência, seja ela visual ou motora, demanda um exercício constante de reconstrução de si mesmo.
Desse modo, a arte do “diferente” ganha o sentido de expressão de um mundo individual, que se distingue por sucessivas escolhas. O assunto e as técnicas utilizadas são objeto de debate nas aulas, pois aquilo que é retratado e como isso é feito são constantemente discutidos.
Ver criadores com algum tipo de dificuldade apenas como resultado de uma jornada de esforço é limitador. É essencial libertar o olhar para averiguar qualidades plásticas intrínsecas. Assim, pela arte, a exclusão se torna inclusão; e as obras, vistas ingenuamente como diferentes, se apresentam como únicas e especiais.

Oscar D’Ambrosio é doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).

MAIS UMA BAIXARIA DA GRANDE IMPRENSA

A matéria abaixo foi publicada no blog 

http://cloacanews.blogspot.com/2010/12/o-reporter-toddynho-da-folha-de-spaulo.html

O REPÓRTER-TODDYNHO DA FOLHA DE S.PAULO E O CASO DA “CABELEIREIRA DA DILMA”


No último dia 10 de novembro, a advogada gaúcha Márcia Westphalen teve sua nomeação para o cargo Especial de Transição Governamental publicada no Diário Oficial da União. Na tarde daquele mesmo dia, Márcia recebe telefonema do repórter Breno Costa, do auto-denominado jornal Folha de S.Paulo“Ele queria saber se eu havia trabalhado como cabeleireira, pois havia feito uma busca no Google, com meu nome, e encontrou essa informação”. O jornalista quis saber, também, como ela havia sido nomeada e qual seria o seu cargo.

Eis o relato de Márcia Westphalen: “Pacientemente, expliquei que havia trabalhado em um salão durante um período curto, que não chegava a cinco meses, em uma época de crise financeira, mas que aquela nunca foi minha atividade principal. Disse que era formada em Direito pela PUC-RS, que tinha inscrição na OAB,  que falava quatro idiomas, e que no período em que trabalhei no salão eu me ocupava mais com produção para desfiles, marcas e modelos do que com atendimento direto a pessoas físicas. Falei que havia trabalhado em diversas empresas, sempre com cargos que envolviam confiança, e que qualquer dos meu ex-empregadores poderia atestar. Contei ainda que havia morado na Inglaterra e na Argentina, sempre trabalhando. Disse que ele estava mal informado, pois no Governo de Transição não havia cargos, somente uma escala de nomeação que vai do número I ao V ou VI, não sabia bem, conforme ele poderia verificar no Diário Oficial, e que trabalharia na função de secretária executiva”.

Márcia Westphalen informou ainda que já havia trabalhado na coordenação de campanha de Dilma Rousseff, no escritório político, e que lá exercia a função de secretária/assistente do coordenador administrativo, e que, por isso, havia sido selecionada para o Governo de Transição. “Ele perguntou como eu havia entrado lá. Contei que foi por análise de currículo. Fui, pedi, fiz entrevista e fui contratada. Assim. Ele falou que só estava verificando, que eu não me preocupasse. Mas eu já tinha sentido a maldade...”

Segue o relato: “Logo depois, começo a telefonar para meus contatos, pois me ocorrera o seguinte: como ele tinha o número do meu celular de Porto Alegre, sendo que eu trabalhava aqui na Transição, que tem Assessoria de Imprensa e tudo?

Descubro que ele havia ligado para o XXXXXX, meu último empregador antes da campanha, uma produtora, fazendo-se passar por amigo meu, dizendo que sentia saudades de mim e pedindo o meu celular. O pessoal de lá, sempre ocupado, diz que não tem em mãos o meu número, mas que passaria o telefone da XXXXXX, que era minha amiga e que o teria, com certeza. Descubro que ele havia telefonado para ela da mesma forma baixa e anônima. E que ele mentira novamente. Falou que morria de saudades de mim, que queria saber como andava minha vida, como eu estava aqui em Brasília, se ainda cortava cabelos... A XXXXX, pessoa de boa-fé, disse que eu estava bem, que não trabalhava mais com cabelos, que estava superfeliz aqui etc. Não sei o que mais ela falou, mas sei que caiu na lábia dele, porque até achou que era algum ex-namorado meu... Quando eu falei para ela que aquele sujeito era um jornalista da Folha de S.Paulo, e que senti a maldade dele, ela queria morrer...”

No dia seguinte, uma nova versão da vida de Márcia Westphalen aparece estampada na Folha de S.Paulo, assinada por…Breno Costa. Em poucas horas, como um rastilho de pólvora, a "notícia" abaixo já está alastrada em emissoras de rádio, portais de internet e blogs limpinhos.  


O governo vai pagar mais de R$ 6.800 para uma cabeleireira gaúcha trabalhar como secretária na equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff.
 Márcia Westphalen é uma das 13 pessoas nomeadas ontem para compor o governo de transição de Dilma Rousseff, até a posse da nova presidente.
Até 2009, ela trabalhava como cabeleireira num salão de beleza em Porto Alegre. Manteve até ontem à tarde no ar um blog sobre "cabelos, tendências e dicas de visual". O blog saiu do ar após a Folha entrar em contato com o governo de transição.
No blog, se apresentava dizendo já ter morado em "vários países" e trabalhado "em salões de diversos estilos". Afirmava ainda que, "por ideologia, não faço alisamento, escovas progressivas ou qualquer outro processo agressivo".
Segundo o governo de transição, Westphalen é formada em direito e foi selecionada por análise de currículo pela campanha de Dilma, quando passou a atuar, de acordo com a assessoria, como secretária trilíngue.
À Folha Westphalen informou outra função. Também disse que foi selecionada por análise de currículo, mas que trabalhou na área de "apoio de produção", auxiliando na organização de eventos da campanha de Dilma.
Sobre seu papel no governo de transição, disse que ainda não sabia qual seria sua função, mas negou que fosse trabalhar como cabeleireira.

Para saber quem republicou, acriticamente, a patifaria do desmunhecado funcionário de Otávio Frias Filho, clique aqui, ou aqui, ou aqui, ou aqui.

Para visitar o Talking Hair – novo blog de Márcia Westphalen – e conhecer a repercussão que o episódio teve na chamada imprensa gaúcha, clique aqui