Laerte Braga
O marechal Mohamed Hussein Tantawi, presidente do Supremo Conselho Militar
do Egito e sucessor de Hosni Mubarak é parte da brutal ditadura contra a
qual os egípcios se levantaram e obedece a Washington.
O ex-ditador não renunciou à “presidência da república”. Nem ele e nem o
general Omar Suleiman, o “vice-presidente”. Na quinta-feira Mubarak
discursou em rede nacional de televisão dizendo que permaneceria no poder
até as eleições de setembro e na sexta, surpreendendo aos próprios
revoltosos deixou o poder.
Entre quinta e sexta-feira o marechal Tantawi conversou cinco vezes por
telefone com o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates. A última conversa
foi após o pronunciamento de Mubarak e Gates disse ao marechal Tantawi que
para manter a “ordem” e evitar o “caos” era necessário que Mubarak e
Suleiman saíssem.
Quando se extrai um tumor maligno, ou a cirurgia remove o tumor e seu
entorno, ou o tumor permanece vivo. Nada muda, apenas a sensação de mudança.
É o que está acontecendo no Egito.
O governo provisório (pelo menos por enquanto, pode virar definitivo) vai
afrouxar aqui e ali, mas só nos adereços, e as mudanças pretendidas pelos
egípcios vai depender das ruas e da oficialidade jovem das forças armadas,
fator decisivo na decisão dos EUA que determinaram ao marechal Tantawi o
afastamento de Mubarak e Suleiman.
O alto comando militar egípcio tem sede em Washington e os velhos generais e
marechais que comandam as forças armadas não diferem em nada de Hosni
Mubarak, ele próprio, um marechal.
De uma certa forma o que vai acontecer é uma incógnita. Os próximos dias
serão decisivos para a luta popular e a oficialidade jovem (muitos aderiram
aos rebeldes na Praça da Libertação e isso foi vital para a decisão dos
norte-americanos, o temor de uma rebelião dentro das forças armadas, o medo
de perder o controle).
E transcendem ao Egito. Manifestações contra o governo ditatorial da Argélia
estão sendo reprimidas de maneira violenta pela ditadura naquele país. No
Iêmen o povo se levanta contra o governo e há indícios claros de
insatisfação na Jordânia.
Chegam até a Israel, onde parte da população começa a perceber que os
governos que sucederam a Rabin (assassinado por um fanático judeu logo após
o acordo de paz assinado com Yasser Arafat) têm um caráter ditatorial e
colocam em risco a segurança do país. Em Tel Aviv já acontecem manifestações
pela paz com os palestinos, tanto quanto, líderes de movimentos de direitos
humanos e pela paz são presos e condenados. Silenciados.
Se você acerta um lobo com um golpe não fatal o lobo se torna muito mais
perigoso e apavorante que antes do golpe. É o caso dos EUA e toda a sua
extensa rede de terror espalhada pelo mundo.
Imerso numa crise na qual se percebe o declínio do império, escora-se num
arsenal bélico capaz de destruir o mundo quantas vezes for preciso para
manter a democracia cristã e ocidental do deus mercado.
Não é uma nação, apenas um conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO
S/A. E cada vez mais os norte-americanos vão se revelando um povo doente e
fanático em sua imensa maioria.
Em Bruxelas, Bélgica, discutem um sistema antimísseis que cria um escudo
protetor em toda a Europa e pretendem obter a concordância da Rússia, vale
dizer, sua capitulação à OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE –
braço terrorista do conglomerado na Europa.
A ressurreição do nazismo foi anunciada pelo primeiro-ministro da principal
colônia do conglomerado no velho mundo, David Cameron. Falou em fim do
multiculturalismo. A existência, coexistência e convivência entre
diferentes. Pacífica e harmoniosa.
O que se viu na Praça da Libertação foi um povo sem preconceitos, cristãos e
muçulmanos lutando e rezando em comum pelo fim da barbárie.
E a barbárie está em Washington, em Tel Aviv, em países árabes governados
por ditadores, na Europa colonizada e cercada de bases militares do
conglomerado terrorista por todos os lados.
Neste sábado, em Roma e várias cidades italianas, milhares de cidadãos vão
às ruas para mostrar sua indignação com o primeiro-ministro Sílvio
Berlusconi, uma reedição esfarrapada do Duce. A grande chacota do mundo, mas
que cumpre à risca o papel que lhe cabe nesse espetáculo determinado pelos
EUA. Não por outra razão é um dos donos de um império midiático.
Quem pensa que GLOBO, FOLHA, VEJA, etc. existem só no Brasil se engana. Os
terroristas do conglomerado, desde a derrota militar no Vietnã aperfeiçoaram
e aumentaram o controle da mídia em quase todos os países do mundo. É o
arsenal da mentira repetida à exaustão até que vire “verdade”.
Em Argel o ditador colocou nas ruas policiais (via de regra recrutados entre
assassinos como fazia Mubarak) e militares (que em quase todo o mundo,
Brasil inclusive, se atribuem o monopólio do patriotismo na versão de Samuel
Jackson, “o último refúgio dos canalhas.”
O Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Deputados do conglomerado
EUA/ISAREL TERRORISMO S/A, numa audiência na quarta-feira, nove de
fevereiro, deu seu aval à ordem do presidente branco – disfarçado de negro –
Barack Obama, para que o imã Anwar al-Awlaki, seja assassinado pelos
“serviços secretos”. É acusado de pertencer a Al Qaeda e ser “mais perigoso
que Osama bin Laden.
O imã nasceu no Novo México, nos EUA, é filho do atual ministro da
Agricultura do Iêmen e acusado de vários “crimes de terrrorismo”. O espírito
democrático, cristão e ocidental de Obama entende que deva ser assassinado
em nome da liberdade e outras coisas mais, no fundo, para não atrapalhar os
“negócios”.
O deus mercado exige sacrifício de mortais comuns que se oponham ao uso de
tênis de marca, ao consumo de sanduíches Mcdonalds, se recusem a assistir as
tevês do grande irmão, ou ouvir a suas rádios e ler seus jornais e revistas.
A aceitar a ordem suprema e despirem-se da condição de humanos. Mortos
vivos.
O que egípcios – cristãos e muçulmanos – mostraram ao mundo é que é possível
sair da escuridão e enxergar o sol. É claro que a luta não termina na saída
de Mubarak, é mais ampla e estende-se às nações de todo o mundo.
No terceiro dia do julgamento do pedido de extradição de Julian Assange
feito pela antiga Suécia – importante base do conglomerado na Europa – o
juiz Howard Ridlle pediu mais tempo para decidir se aceita ou não o pedido.
A falta de provas dos crimes imputados a Assange, responsável por revelar
através do WIKILEAKS toda a podridão e terror do conglomerado EUA/ISRAEL
TERRORISMO S/A, deve ter sido o motivo. Vão tentar encontrar formas de
entregar Assange a Suécia para que no curso normal de uma ação criminosa ele
possa ser levado aos EUA e julgado. Corre o risco da pena de morte. De
qualquer forma, para extraditá-lo vão precisar de muitos coelhos e muitas
cartolas.
O último ministro das Relações Exteriores do Brasil (o atual é funcionário
do Departamento de Estado do conglomerado), Celso Amorim, em entrevista
telefônica a CARTA MAIOR – mídia limpa, sadia – afirmou que “as revoluções
populares que o mundo assiste agora especialmente na Tunísia e no Egito,
acontecem em países considerados amigos do Ocidente que não eram alvo de
nenhum tipo de sanção por parte da comunidade internacional”. E fulminou –
“isso mostra que a posição daqueles que defendem sanções contra o Irã é
equivocada”.
O que chamam de chanceler brasileiro atualmente, Antônio Patriota,
prepara-se para um encontro com Hilary Clinton no dia vinte e três. Vai sem
sapatos e submisso, doido para ganhar uma cadeira permanente num conselho
denominado de segurança. A instância maior das Nações Unidas, onde cinco
países têm o direito de veto a qualquer proposta que contrarie seus
interesses.
Quer o status e o direito de dizer amém.
Mohamed Hussein Tantawi, o marechal egípcio que assumiu o governo daquele
país é só um nome. Poderia ser David Cameron, Sílvio Berlusconi, o
primeiro-ministro sueco, Antônio Patriota, poderia ser José Sarney, por
exemplo, que guarda com Hosni Mubarak e Omar Suleiman os mesmos cabelos
pintados, provavelmente com tintura importada/doada pelo conglomerado
(percepção do deputado Chico Alencar).
É por aí que o Egito e os egípcios transcendem a si próprios e se estendem
por todo o mundo.
A luta pela sobrevivência do ser humano não será ganha em shoppings e nem
diante da telinha inebriado com o BBB. Mas nas praças e ainda não terminou
para os egípcios e nem começou para muitos povos.
É de sobrevivência. A suástica está em marcha, viva e feroz, no conglomerado
terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, no discurso de David Cameron, um dos
porta-vozes da barbárie.
Por trás daquele discurso vazio e sem sentido de Obama na sexta-feira após a
saída de Mubarak, o que existe de fato é o cinismo da estupidez e da
violência do conglomerado. Palavras ocas para fora e ordens de assassinato
para dentro.
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