segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CARETICE MATA

Melhor drogado vivo
do que careta morto

Eu bebo sim
estou vivendo
tem gente que não bebe
e tá morrendo
(De um samba cantado por Elizeth Cardoso)


Por Mylton Severiano
Li na Folhona (segunda, 6.12.2010) carta de certo Mauro Borges, “coordenador nacional da campanha Droga Mata”. Protesta contra o governador fluminense Sergio Cabral dizer que apresentará a Dilma proposta “que visa defender em foruns internacionais a discussão a respeito da legalização das drogas leves, alegando que a repressão aos traficantes mata inocentes”.

O QUE É QUE NÃO MATA?
O sujeito do Droga Mata se insurge, diz que “não se evita a morte de inocentes liberando as drogas leves ou pesadas, já que uma das piores e mais destruidoras drogas liberadas no mundo são as bebidas alcoólicas, responsáveis por milhões de mortes de inocentes”.

Borges diz que, liberar qualquer droga, “leve ou pesada”, significa “reconhecer a incompetência e a total falência do Estado na guerra contra elas”. (Claro que o Estado jamais vai vencer a guerra contra as drogas, seria o mesmo que o Estado vencer uma guerra contra a natureza humana.)

ARSÊNICO SALVA
Mas como tem gente gastando tempo, dinheiro, energia em más obras! Para começar, se droga mata, pergunto: o que é que não mata? Talvez você que me lê, inadvertida e inocentemente, responda:

Ora, suco de maracujá não mata.

Ou alguma bebida mais inocente ainda, água. Pois saiba que beber oito litros de suco de maracujá mata; e dez litros de água matam.

Vem dos gregos o conceito simples: a dose letal está na dose. Quantidades infinitesimais de arsênico podem nos curar doenças, e uma quantidade suficiente para matar um rato pode nos matar.

Tome um litro de uísque duma vez e você pode morrer. Tome duas ou três doses por dia e pode lhe fazer bem ao coração.

COMO ESSA GENTE QUE DEFENDE
A VIDA É CHEGADA NUMA CAVEIRA!

Uma quantidade de Mauro Borges e sua campanha panaca Droga Mata, na dose que vi hoje na seção Painel do Leitor da Folha, me provoca reação salutar: mas que bobagem! Se virar campanha em doses cavalares, pode matar. Como está matando a proibição das “drogas” em escala mundial.

É melhor ser um careta vivo que um drogado morto, diz o dístico do Droga Mata, que usa como ilustração uma caveira – como essa gente adora caveira! O Caveirão, o Esquadrão da Morte... e falam em defesa da vida ostentando uma caveira.

Tanto faz. Que tal inverter? Posso tomar como símbolo um filhote qualquer, cheio de vida. E posso defender, com este símbolo, que é melhor um drogado vivo que um careta morto, não?

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