sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

QUER PAZ? LEGALIZE JÁ! - parte 2

ENQUANTO FOR PROIBIDO HAVERÁ "TRÁFICO"
E HAVERÁ VIOLÊNCIA

Por Mylton Severiano


Enfim, dez dias depois da invasão policial-militar do morro do Alemão, alguém trisca no real por trás da realidade: Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania fluminense (1999-2000) e ex-secretário nacional de Segurança Pública (2003). Principais pontos da entrevista dele na Folha, 2/12/2010:


• A parceria entre o tráfico e segmentos policiais corruptos, que vendem armas, alugam Caveirão, ganham percentuais da venda da droga, tem que ser objeto da preocupação prioritária.


• Se chegou, no final dos anos 80 e início dos 90, a um terceiro estágio da economia da corrupção: (...) o arrego. Isso faz com que a polícia se torne parceira fixa.


• Os milicianos são policiais. (...) Esperam que a polícia enfrente o tráfico e, se isso não acontece, fazem negócios com os traficantes.


• Há uma enorme ilusão [na cobertura da mídia brasileira]. Não quero ser o único que enxerga a realidade, pelo amor de Deus! Mas é assustador que pessoas tão inteligentes e bem intencionadas se iludam com a fábula de que o bem venceu o mal. (...) Vamos nos surpreender sendo apunhalados pelas costas, porque parte dos heróis são os que estão nos condenando à insegurança, levando armas e drogas para as favelas.


• A contaminação [das Forças Armadas pelo tráfico] é uma preocupação do próprio Exército, seja por exemplos internacionais, seja pela experiência de roubos de armas, com cumplicidade de gente da instituição.


Li dúzias de artigos, crônicas, matérias, entrevistas, e ninguém vê que o real por trás da realidade é: enquanto houver proibição de “drogas”, vai haver tráfico, e violência. Pois só gente maluca da cabeça, capaz de defender seu “negócio” pelo poder das armas, arrisca-se a enfrentar as “forças da lei” para garantir o gigantesco lucro proporcionado pela venda de algo proibido, mas muito procurado.


Proíba qualquer coisa, gente, tomate se você quiser: amanhã aparece um traficante de tomate!


Há 15 anos, já defendia a legalização das drogas proibidas em meu best-seller Se Liga! – O livro das drogas (Record, RJ, 1997 – último exemplar que pedi à editora estava na quinta edição em 2003). Ali escrevi:


Os que defendem a legalização apresentam os seguintes argumentos principais:


- o Estado não pode legislar sobre aquilo que fazemos entre quatro paredes, nem pode nos impedir de fazer com o corpo o que bem entendermos, desde que não resulte em dano a terceiros;


- a legalização, ao estancar o tráfico ilegal, permitirá ao Estado auferir recursos na forma de impostos e taxas, eliminará uma fonte de corrupção e extinguirá a criminalidade resultante das guerras entre quadrilhas;


- drogas distribuídas legalmente passarão por controles de qualidade e incluirão na embalagem a bula, como as drogas farmacêuticas em geral, permitindo ao usuário saber o que está comprando e precaver-se contra os riscos de abusos ou mau uso.


A polêmica entre os que pregam a legalização e os que se opõem acirrou-se a partir do início da década de 1990, depois de célebre editorial de The New York Times, em 1987, pela descriminação da maconha. Os favoráveis à liberação eram poucos, no início do período em questão (a década 1987-1996).


O primeiro nome de expressão mundial a pronunciar-se a favor foi o economista americano Milton Friedman, Prêmio Nobel de 1976 por seus trabalhos sobre consumo e teoria de sistemas monetários.


Voltarei ao assunto: quem proíbe e por quê; o que disse Milton Friedman a favor da legalização. Por ora aqui fica a consigna:


QUER PAZ? LEGALIZE JÁ!


E TOME ESTA


Depois de aparecer a mídia em quinto lugar na confiança popular, agora o Ipea (Instituto Brasileiro de Pesquisa Aplicada) mostra que o povo acha a polícia péssima. Grandes novidades. E não dá nem pra se queixar ao bispo, vai que ele é da turma do papanazi ou do Opus Dei...






PS – Não sou o único que está enxergando o real por trás da realidade, mas estou.

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