quarta-feira, 3 de novembro de 2010

EDITORIAL - DILMA PRESIDENTE

AGORA É QUE COMEÇA
A LONGA MARCHA


Por Mylton Severiano
Fotos Amancio Chiodi


A vitória de Dilma Roussef me lembra a sapiência (chinesa) do Mao Tsetung, ao vencer em 1949 o exército reacionário de Chiang Kaichek. Não estou querendo comparar a vitória da Revolução Chinesa com a vitória de Dilma, embora enxerguemos semelhanças e guardemos as proporções: nos dois casos surgiu cada pedra no meio do caminho que, no nosso caso, por vezes eu vi a viola em cacos, assim como aconteceu em diversos momentos com Mao e seus homens na Longa Marcha; e igualmente as forças do progresso e do avanço da humanidade, aqui como lá, enfrentaram inimigos sórdidos, em certos momentos, cruéis mesmo. E, por aqui, sandices de pôr em risco as instituições de alto a baixo e confusão mil vezes maior que aquela provocada pela renúncia de Janio Quadros em agosto de 1961, que precipitou o golpe militar de 1964.

Bem observou Janio de Freitas (FSP 2 de novembro de 2010) que coube a José Serra “o ato mais irresponsável e injustificável de toda a sucessão”: aceitar como vice um patife como Índio da Costa, que ele sequer conhecia, desqualificado como político e como gente – nas palavras de Janio de Freitas, “atrabiliário,  violento, político recente, sem credenciais de talento especial ou maior competência”. Enfim, “um cocô-boy”, no dizer de nosso amigo Palmério Dória, que observou mais: Índio foi criado junto com Rodrigo Maia, presidente dos demos, filho de Cesar Maia, o trânsfuga, que caiu fora da jogada e sequer recebeu Serra quando foi ao Rio, deixou o Índio segurar essa bucha.
Janio, o jornalista, põe em foco algo a que quase ninguém prestou atenção, a escolha do vice, “ato de extrema responsabilidade”, pois em caso de impedimento de Serra por algum “incidente” (68 anos), “Índio da Costa era um risco de calamidade”. De mais essa escapamos. E até do papa nazi!

Mas por que comecei o texto lembrando a vitória de Mao e o que ele disse em 1949? Aconteceu que o Exército Vermelho vencedor merecidamente se pôs a comemorar. E ao cabo de alguns dias Mao chamou todos às falas, já festejamos, mas está de bom tamanho o festejo:
“O mais difícil começa agora.”

E Dilma foi descansar até domingo. Depois de passar três meses matando um leão por dia, ela merece. Só que agora começa o mais difícil. Segurar as conquistas e avançar. Se cada um de nós que lhe demos o voto puser “um tijolinho que falta nessa construção”, a gente avança.


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