quarta-feira, 3 de março de 2010

CAPOEIRATERAPIA?

A mídia gorda não
quer nem ouvir falar

Li na Carta Capital a reportagem de Mauricio Dias “Uma imprensa antidemocrática”, na qual o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos assinala que “a imprensa brasileira tem sido adversária histórica das instituições representativas do País”.
É mesmo. A mídia gorda ainda nem “reconheceu” o povo brasileiro. Quando fui editor do Jornal Nacional na sucursal da Globo de São Paulo, a editora-chefe me instou a trocar a declaração de um cidadão numa reportagem. Eu dizia que era a melhor fala trazida pelo repórter; ela alegava que o personagem era “penoso” – tradução:
Preto e sem um dente da frente.
A colega achou outra entrevista, de um branco com todos os dentes, e disse meio culposa, pois a melhor fala era a do crioulo:
“Põe esta, não está tão ruim assim.”
Nosso jornalismo não só fechou olhos à repressão contra instituições populares, como até atiçou a polícia, como agora faz com o MST.
No Estado mais negro, a Bahia,
só em 1976 o governo eliminou a exigência de “registro na polícia” para cultos afrobrasileiros – veja só:
religião, caso de polícia!
E a capoeira?
Meio luta, meio dança, atravessa quatro séculos reprimida a pau, até que, em 1937, Getúlio decreta: jogar capoeira não é mais crime. Era crime!
Há pouco esboçou-se um movimento para pôr capoeira angola em jogos olímpicos. Pois essa capoeira é digna de se tornar universal. Os oponentes não lutam: jogam. Mestre Pastinha cravou:
“Capoeira angola, mandinga de escravo em ânsia de liberdade. Seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista. Capoeira não é perversa, é amorosa.”
Um amigo, jornalista e psicanalista, Roberto Freire, incorporou capoeira angola na
Somaterapia
terapêutica que criou para tratar neuróticos. Abeberou-se em Wilhelm Reich, discípulo de Freud. Reich achava, como os orientais há milênios, que uma energia vital única circula no corpo, a bioenergia; que um desequilíbrio energético causa a neurose; portanto a neurose se instala em todo o corpo – soma em grego.
Reprimidos desenvolvem uma “couraça neuromuscular” – ombro tenso, arqueado. Reich propôs e Roberto Freire desenvolveu uma terapia que “dissolva” a carcaça, e se descubra por que a pessoa não se realiza, no trabalho, no amor.
E a capoeira com isso?
Ela trabalha as sete tensões, as couraças ocular, oral, cervical, torácica, abdominal, do diafragma e da pélvis – esta lembra o que se diz da pessoa que não consegue rebolar, ou seja, “não se vira”, não sabe lidar com o novo: “não tem jogo de cintura”. Roberto pesquisou outros trabalhos corporais, tai chi chuan, natação, dança afro. Nenhum se compara à CAPOEIRA para nos dispor a IR À LUTA.
Você  acha que algum órgão da mídia gorda, rádio, televisão ou imprensa, divulgou a SOMATERAPIA? Acertou: nenhum. Ou melhor, uma vez a Folhona publicou reportagem – olha o título: “Os camelôs do ego”. Zombava da SOMATERAPIA e dizia que só a psicanálise é séria.

Wanderley Guilherme pra fechar:
“Há muito da realidade que não está na imprensa e há muito do que está na imprensa que não está na realidade.”
(Condensado de artigo para Fenae Agora) 

UMA FRASE
Você  não estará só, se gostar da pessoa com quem fica quando está  só. 
Wayne W. Dyer, psicoterapeuta americano

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