domingo, 18 de julho de 2010

BURRICE A PROIBIÇÃO DE "DROGAS"


E continua a matança... menino baleado em escola no Rio, por causa de briga entre PMs (que se drogam) e traficantes que poderiam ser apenas comerciantes de substâncias que nos fazem transcender como qualquer outra vendida em farmácia, bar, supermercado...
Por Mylton Severiano

Pra começar, droga é o quê? Por exemplo, droga é o que te põe lá no além. Por exemplo, o noticiário de televisão. A novela. Um belo romance. Um trago de bebida alcoólica. Baita filme. Um tapa na pantera. Escrevi um livro, “Se Liga – O livro das drogas”, pela Record, faz uns 15 anos. Ali eu pregava a liberação das “drogas”.
Droga proibida, que bestagem. Czar das drogas! Um idiota! A humanidade jamais vai dispensar sua porção de qualquer coisa que nos ponha pra lá de Bagdá.
Vi agora matéria em que cientistas pedem a liberação da maconha.
A noticia segue aí:

Cientistas fazem carta pró-maconha
Neurocientistas renomados assinam documento em defesa da legalização da droga até para fins "recreativos"

Nota foi motivada pela prisão do baixista da banda de reggae Ponto de Equilibrio, por plantio de maconha

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO 

Um grupo de neurocientistas que estão entre os mais renomados do país escreveu uma carta pública para defender a liberalização da maconha não só para uso medicinal, mas para "consumo próprio".
Assinam a carta nomes como Stevens Rehen, da UFRJ, coautor da primeira linhagem de células-tronco no país, e Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto de Neurociências de Natal.
Eles falam em nome da SB NeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento), que representa 1.500 pesquisadores.
A motivação do documento foi a prisão – um "equívoco", diz o texto – do músico Pedro Caetano, baixista da banda de reggae Ponto de Equilíbrio, que ganhou repercussão na internet.
Ele está preso desde o dia 1º sob acusação de tráfico por cultivar dez pés de maconha e oito mudas da planta em casa, em Niterói (RJ).
Segundo o advogado do músico, ele planta a erva para consumo próprio.
A carta o defende dizendo que é "urgente" discutir melhor as leis sobre drogas "para evitar a prisão daqueles usuários que, ao cultivarem a maconha para uso próprio, optam por não mais alimentar o poderio dos traficantes de drogas".
De acordo com os membros da SBNeC, existe conhecimento científico suficiente para, pelo menos, a liberalização do uso medicinal da maconha no Brasil.
A SBNeC se baseia em estudos que mostram efeitos terapêutic os que poderão, um dia, ajudar no tratamento de doenças como Parkinson.
É uma posição bem diferente da adotada, por exemplo, pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.

EM OUTROS PAÍSES
"O Brasil está atrasado nessa discussão, ao contrário do que ocorre em países como Argentina, México e Portugal", diz Ribeiro.
Nos vizinhos sul-americanos, por exemplo, é permitido o porte de alguns cigarros de maconha para consumo próprio. O fumo, entretanto, não pode ocorrer na rua.
Diferentemente de quase todos os países, onde a maconha é banida, outros como a Holanda e a Espanha permitem o consumo e o cultivo para consumo próprio.
"A lei de drogas no Brasil – reformada na última vez em 2006 – avançou, mas criou um paradoxo", diz Ribeiro. "A pena para o usuário baixou, mas ela não permite o cultivo para uso próprio."
Se a Justiça entender que o músico da Ponto de Equilíbri o é traficante, ele poderá ficar, pelo menos, cinco anos na cadeia. Caso ele seja considerado usuário, deverá prestar serviços sociais por apenas alguns meses.
"Falta uma espécie de manual de instruções desta lei", afirma Antônio Gonçalves, advogado especialista em filosofia do direito.
A legislação, diz o especialista, não define quem é o traficante e quem é o usuário. Fica tudo para a Justiça definir. "Falta a lei dizer como proceder, para evitar situações como a do músico."

Fim da reportagem que li.

Até direitista que baba na gravata tá nessa
Estou lendo um livro recomendado pelo Palmério Dória, ah se você lesse, chama-se McMafia – Crime sem fronteiras, da Companhia das Letras, autor Misha Glenny, jornalista e historiador britânico. Transcrevo trechos do capítulo 10, que Misha Glenny chama:

Companheiros


Proibir um mercado não significa destruí-lo. Proibir um mercado significa colocar um mercado proibido, mas em desenvolvimento dinâmico, sob o total controle das organizações criminosas. Além disso, proibir um mercado significa enriquecer o mundo criminoso com centenas de bilhões de dólares, dando aos criminosos amplo acesso a bens públicos que serão desviados pelos viciados para os bolsos dos traficantes de drogas. Proibir um mercado significa dar às organizações criminosas as oportunidades e os meios de exercer uma influência norteadora e dominante sobre sociedades e nações inteiras. Esse é o pior dos efeitos negativos externos do tráfico de drogas. A opinião pública internacional ainda não se deu conta do desafio que isso representa para o mundo civilizado.
(Lev Timofeev, matemático russo, dissidente da ex-União Soviética, fazendo uma análise econômica sobre o mercado de drogas)

Outro trecho, que cita The Economist, citando não gente de “esquerda”, o que seria “suspeito”:
De modo geral, os governos não sustentam que a proibição das drogas beneficie a economia. Em vez disso, seus argumentos se baseiam no que consideram ser prejuízos à sociedade e à moralidade pública. Ao contrário, a proibição distorce a economia porque nega ao Estado as receitas de impostos que poderiam advir da compra de uma mercadoria legal (para não mencionar os imensos custos de tentar policiar o tráfico e da prisão de criminosos condenados). Essa enorme carga financeira é uma das razões pelas quais tantos economistas e, a propósito, um dos grandes órgãos do establishment britânico, a revista The Economist, são inflexíveis em sua defesa da legalização das drogas.
“Em última análise”, argumenta Ted Galen Carpenter, vice-presidente do Cato Institute, o respeitado centro de estudos da direita americana, “a abordagem proibicionista é uma tentativa de abolir a lei econômica da oferta e da procura e está, portanto, fadada ao fracasso.”

Bem, já cansei de bater nessa tecla. Proibir é como você falar pro petiz que pode entrar em todos os cômodos da casa, menos “naquele”. Será “naquele” que o petiz vai entrar assim que você sair de casa.
Mais. Humanos, como todos os bichos, precisam de substâncias materiais ou imateriais que nos elevem a outras esferas. Bichanos por exemplo gostam de catnip, espécie de maconha dos felinos. Nós, em proporção de uns dois em cada dez, talvez mais, usamos álcool, anfetamina, sonífero, maconha, etc. etc. etc.
Por que será que os governos proíbem “drogas”, menos álcool? Eis uma reflexão pra gente entabular.


Vamos continuar... voltaremos ao assunto.

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