terça-feira, 13 de abril de 2010

ANFIBOLOGIA, ENCRENCA DA LINGUAGEM



Por Mylton Severiano
ANFIBOLOGIA, ou ambiguidade, é traiçoeira. 
Figura da linguagem que, como dizem os nomes, te faz ficar sem saber se é BICHO d’água ou da terra, ou seja, como a gente aprendeu na escola, os anfíbios, como sapo, rã, jacaré, que vivem bem na terra como na água.
Na linguagem, anfibologia se dá quando você lê, relê, lê de novo, e não sabe se pisa n’água ou em terra firme. Por exemplo, a manchete da Folha de S. Paulo de 1º de abril de 2010:
Serra critica roubalheira e Dilma, viúvas da estagnação
Li, reli, pensei que fosse “primeiro de abril” da Folhona. Tive de ler o texto para entender: Serra, o impoluto, incorruptível, que jamais meteu a mão num tostão seu, não criticou roubalheira federal nem Dilma, chamando-as de viúvas da estagnação. O que Serra disse foi que, em seu governo em São Paulo, não houve roubalheira; e Dilma chamou os tucanos de viúvos da estagnação.
Ah, bom. A manchete então deveria ser escrita assim: 

Serra critica roubalheira; e Dilma, viúvas da estagnação

Que susto. Porém, interessante seria Dilma criticar roubalheira em São Paulo; e Serra, viúvas da estagnação em Brasília. Ficaria a campanha eleitoral mais animada.

SEXO & DROGAS
Propaganda contra vira propaganda a favor
Peguei um panfleto chique, em forma de gota d’água, ou lágrima, na Polícia Federal, aqui em Floripa, aonde fui renovar passaporte. É de material bom, bem impresso; 25 centímetros de altura por 20 de largura. Diz no verso:

Exploração sexual de crianças e adolescentes é crime. Denuncie! Procure o Conselho Tutelar de sua cidade ou disque 100.

No anverso, repetem o texto e vêm os patrocinadores: Petrobras, CNT, Polícia Federal e um monte de outros que não consegui ler sequer usando minha lupa, fechando com BRASIL, um país de todos, no logo feito por um publicitário baiano que “chupou” o logotipo do Almanaque Brasil de Cultura Popular criado pelo Elifas Andreato.

Mas onde eu queria chegar mesmo? Ah, sim. A imagem na lágrima que alude à “exploração sexual de crianças e adolescentes” é de uma “menina” que mais parece moça-mulher, de lábios pintados de batom vermelho, um “convite”.

Concluo.

Os marqueteiros “anti” não conseguem ser “anti”, sempre são “pró”. Parece que o publicitário que fez aquilo é pedófilo ou a favor das “drogas”.
A propaganda “anti” pedofilia vira “pró”, pois exalta a “sexualidade” pré-existente na criança. Assim como cartazes “anti” drogas acabam virando “pró”, eis que principalmente levantam o assunto quando as crianças e adolescentes nem estavam pensando “naquilo”.

Não seria mais producente educar adultos e deixar a criança em paz? Ou seja, quando ela, a criança, despertar para tais assuntos, que tenha abertura para questionar os pais ou mais velhos e deles receber orientação?


Uma frase
Transporte um punhado de terra todos os dias e fará uma montanha.
Confúcio (551-479 a. C.), filósofo chinês

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