Annabella e Marcos |
Annabella é o mais novo e jovem membro de um grupo formado por cerca de 50 pessoas que, há pelo menos 35 anos, cuida e planta pés de árvores na Praça Rafael Sapienza, na Vila Madalena. São o José, o Rubens, o Teo, a Dora, o Marcos, o Artur, o Tonho jardineiro, e tantos outros que aos domingos ocupam parte de seu tempo acarinhando aquele resistente pedaço de natureza no alto da vila.
Como em muitos outros domingos, “seu” José, começa este observando a praça e medindo os diferentes graus e qualidades de energia que ela fornece. Respeitoso, pede licença à natureza e a seus regentes para começar. Nas mãos, ora balança um pêndulo, ora manuseia um instrumento parecido com duas letras L, que convergem ou se separam conforme a positividade e a negatividade telúrica do lugar. “Nem sempre podemos plantar uma árvore em um determinado ponto”, vai contando. “Ela tem o seu lugar apropriado, caso contrario morre.” E lá vai o bom homem, apontando aqui e ali.
- “De água, seu José?”
- “Não, de luz alimentadora de energia.”
O local, nas palavras dele, é um agente de energia purificadora.
Praça Rafael Sapienza |
Rubens |
Tonho jardineiro |
Rubens, um dos primeiros membros deste grupo de resistência, observa: “Cada árvore que a gente planta tem o seu lugar estudado, verificamos a melhor forma de plantar e depois acompanhamos o seu crescimento.” Muitas vezes, no domingo seguinte, o pézinho recém plantado foi destruído. Eles replantam nova muda. E, assim, a praça resiste e persiste.
“Estou impressionado como as árvores encararam a seca”, admira-se Rubens. Ele tem razão. Apesar da falta de chuva e da escassa umidade, surgem brotos por todos os lados anunciando a chegada da primavera. A praça está verde. Começam a aparecer esboços de frutos e de flores. Há muitos pássaros – cantando, voando, se alimentando. Sabiá, beija-flor, João-de-barro (foto).
“Comecei a perceber que aqui está se tornando um ponto de passagem dos pássaros em rota de imigração, da Patagonia ao Canadá”, conta Rubens. “Também vejo os predadores chegando.”De acordo com ele, estas aves se estabelecem no topo dos prédios, que fazem o papel dos altos rochedos naturais.
“Comecei a perceber que aqui está se tornando um ponto de passagem dos pássaros em rota de imigração, da Patagonia ao Canadá”, conta Rubens. “Também vejo os predadores chegando.”De acordo com ele, estas aves se estabelecem no topo dos prédios, que fazem o papel dos altos rochedos naturais.
Marcos, Teo, Rubens, Artur (esquerda para direita) |
O lugar é também local de passeio e exercício de pessoas com os seus cachorros. Desde cedo, surgem caminhantes ao lado de seus companheiros caninos para brincar, correr e respirar o ar que as árvores purificam. Christina passeia diariamente por ali com Dolores, seu Labrador fêmea, e Twiggy, nome totalmente apropriado para a sua cadela da longilínea raça Galgo. “Com uma praça dessas, quem precisa sair de São Paulo?”, diz enquanto passeia com seus cães neste feriado de 7 de setembro. Ela se mudou para aquelas redondezas praticamente sem se preocupar com a casa onde viveria. “O que me interessou foi morar perto desta praça”. É a alegria dela e de suas cadelas – valendo observar aqui que a dengosa Dolores foi uma espécie de ama de leite dos filhotes de Twiggy.
José, Rubens, a repórter, Christina, Dora, Dolores e Twiggy |
Meninos, que linda homenagem! Mas cadê as gardênias? Estão ali em frente ao canto das crianças, e é minha parte favorita dessa praça! Quando elas abrem, só dá perfume de gardênia...
ResponderExcluirBjs.