segunda-feira, 2 de agosto de 2010

VAMOS SIM, AVACALHAR COM A LAPIDAÇÃO, LULA

POR MYLTON SEVERIANO

A iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento (lapidação, o termo técnico) por praticar adultério, é bonita e sensual. Se esteve envolvida no assassinato do marido, pode não ser boa bisca ou flor que se cheire, embora haja maridos torturadores a tal ponto que mereçam reação da mulher à altura – certa vez em São Paulo um advogado conseguiu a absolvição de uma mulher, classe média baixíssima, mãe de filhos com o marido que ela matou e picou em alguns pedaços, porque provou que ela havia sofrido tanto horror ao lado do sujeito, mas tanto, que a reação dela, no momento do crime, caracterizava aquele senão da lei: legítima defesa.
De todo modo, se num primeiro momento Lula disse que ficar intercedendo contra leis de outros países pode virar avacalhação, somos neste caso favoráveis a avacalhar, e bastante. Os débeis mentais que cultuam o antediluviano, antinatural, bestial, tarado, depravado, canalha, pervertido costume de “lapidar” mulher merecem, como diz um samba de Noel, levar um tijolo na testa.
DEU NA INTERNET – 1
sexta, 30 de julho de 2010 20:58
CHOMSKY
“Os EUA são o maior 
terrorista do mundo”
“O Nobel da Paz é uma piada.” ”Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados.” “Há relação entre ajuda militar dos EUA e violência nos países que a recebem.” “Imagine se a Colômbia decida fumigar o Kentucky, que cultiva tabaco, que provoca mais mortes que cocaína.”
Editado por Mylton Severiano
Noam Abraham Chomsky, pai da moderna linguística, ativista contra o intervencionismo militar dos EUA, visitou a Colômbia para receber homenagem das comunidades indígenas de Cauca. Falou com exclusividade para Luis Angel Murcia, do jornal Semana.com.

O morro El Bosque, ameaçado pela riqueza do ouro escondido nas entranhas, é o liame que mantém indígenas de Cauca conectados com um dos intelectuais e ativistas mais prestigiados do planeta. Noam Chomsky. Suas obras são lidas como a Bíblia, dizem alguns. Aos 81 anos, é autoridade em geopolítica e direitos humanos. Passou discreto pela Colômbia para receber homenagem de El Bosque, rebatizado Carolina, nome de sua mulher, que morreu em dezembro de 2008. Em sua agenda, coordenada pela CUT e pela Defensoria do Povo do Vale, Chomsky falou a Semana.com.

Quê significado tem para o senhor esta homenagem?
Estou emocionado; principalmente por ver que pessoas pobres se prestem a fazer esse tipo de elogio, enquanto pessoas mais ricas não dão atenção.

O que o apaixona mais: linguística ou seu ativismo?
Tenho estado completamente esquizofrênico desde que era jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios no cérebro.

Como qualifica o que se passa no Oriente Médio?
Desde 1967, o território palestino foi ocupado e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão ao ar livre do mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.

Chegou a se iludir com as novas posturas de Obama?
Já tinha escrito que é muito semelhante a George Bush. Fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.

Quando Obama foi galardoado com o prêmio Nobel de Paz, o quê pensou?
O Nobel da Paz é uma piada.

Os EUA continuam a repetir seus erros de intervencionismo?
Têm tido êxito. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde o intervencionismo militar dos EUA.

Qual a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que os EUA apregoam?
Não existe esse conceito, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que se assemelha ao que os nazistas fizeram. Se aplicarmos essa mesma regra, Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados, mas a força é aplicada aos mais fracos.

O que acontecerá com o Irã?
Hoje existe uma grande força naval e aérea ameaçando o Irã e só Europa e EUA pensam que está certo. O resto acredita que o Irã tem direito de enriquecer urânio. No Oriente Médio três países (Israel, Paquistão e Índia) desenvolveram armas nucleares com ajuda dos EUA e não assinaram nenhum tratado.

O senhor acredita na guerra contra o terrorismo?
Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha feito mais mal do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você faz contra nós e não o que nós fazemos a você.

Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?
A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima, entretanto eles entraram na guerra muito tarde.

Essa guerra por recursos naturais no Oriente Médio pode vir a se repetir na América Latina?
É diferente. O que os EUA têm feito na América Latina é, tradicionalmente, impor brutais ditaduras militares que não são contestados por causa do poder da propaganda.

A América Latina é realmente importante para os Estados Unidos?
Nixon afirmou: “Se não podemos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo?”

A Colômbia tem algum papel nessa geopolítica ianque?
Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. A partir de 1990, o país tem sido o principal destinatário da ajuda militar estadunidense e, desde essa mesma data, tem os maiores registros de violação dos Direitos Humanos no hemisfério. Antes o recorde pertencia a El Salvador que, curiosamente, também recebia ajuda militar.

O senhor sugere que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?
No mundo acadêmico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e violência nos países que a recebem.

Qual sua opinião sobre as bases militares gringas na Colômbia?
Não são nenhuma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a permitir sua instalação. Enquanto a Colômbia continuar fazendo o que os EUA pedir que faça, eles nunca vão derrubar o governo.

Está dizendo que os EUA derruba governos na América Latina?
Nesta década, eles apoiaram dois golpes. No fracassado golpe militar da Venezuela em 2002 e, em 2004, sequestraram o presidente eleito do Haiti e o enviaram para a África. Mas agora é mais difícil fazer porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latinoamericano que apoiou o golpe em Honduras.

A América Latina continua sendo uma região de caudilhos?
Tem sido uma tradição muito ruim, mas, nesse sentido, a América Latina progrediu e, pela primeira vez, o cone sul do continente está avançando rumo a uma integração para superar seus paradoxos, como, por exemplo, ser região rica, mas com grande pobreza.

O narcotráfico é um problema exclusivo da Colômbia?
É um problema dos Estados Unidos. Imagine se a Colômbia decida fumigar a Carolina do Norte e o Kentucky, onde se cultiva tabaco, que provoca mais mortes que a cocaína.

Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia. Original em http://www.semana.com/noticias-mundo/parte-colombia-robada-roosevelt/142043.aspx
DEU NA INTERNET – 2
1/8/2010
Ainda falam mal da Ilha...
Na América Latina,
Cuba é precursora dos 
direitos das mulheres
Condensado por Mylton Severiano a partir de
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Luisita Lopez Torregrosa
Por incrível que pareça, aborto é legal em apenas um país da América Latina, Cuba. Cinco – Chile, El Salvador, Honduras, Nicarágua e República Dominicana – proíbem até quando a vida da mãe está em perigo. Não é o único problema dos direitos da mulher. Embora muitos governos se descrevam como progressistas, as vidas de milhões de mulheres na América Latina continuam atoladas na pobreza, dominação masculina e discriminação por negligência nas reformas sociais e medidas legais. Ainda assim, a votação argentina que permitiu casamentos entre pessoas de mesmo sexo é uma espécie de revolução social.
O passado recente e turbulento da Argentina e a opressão e perseguição brutal de gays e lésbicas não indicavam a nova posição da nação. Durante a “guerra suja”, depois do golpe militar de 1976, bares gays de Buenos Aires foram fechados e mais de mil gays foram perseguidos, presos, sequestrados, torturados e mortos. As histórias dezenas de milhares de “desaparecidos” – gays e heterossexuais – assombram o país ainda hoje.
Fora da cosmopolita Buenos Aires, a homossexualidade ainda é tabu, geralmente vista como pecado mortal, abominação, piada cruel e motivo aceito para o ostracismo social. Os insultos contra gays e lésbicas estão entre as coisas mais odiosas que se pode dizer sobre um homem ou uma mulher, e os meninos que demonstram o que se considera como maneirismos efeminados são condenados à zombaria e ao isolamento.
O avanço pode abrir caminho para outras nações repressoras, como Chile. Por enquanto, com apenas o Canadá no continente americano, a Argentina se juntou a um punhado de europeus, Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda. É notável que três países fortemente católicos – Argentina, Espanha e Portugal – tenham desafiado a religião e a tradição para a batalha dos direitos humanos da nossa época.
A lei argentina tem distinções: foi aprovada por pequena margem e, nesse momento, aplica-se apenas a cidadãos argentinos. E superou uma oposição amarga das igrejas católica, mórmom e evangélica.
Outros países do hemisfério irão seguir o exemplo? Até o Brasil, conhecido pela tolerância, está relutante. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoia a legalização das uniões civis, mas as medidas legislativas não foram aprovadas.
A Cidade do México já permitia gays e lésbicas casar e adotar filhos, lei de dezembro de 2009. Mas poucas pessoas acreditam que a tendência se espalhará para Estados mais extremamente católicos.
No Chile, o governo planeja propor uniões civis limitadas, sem planos para ir adiante. Uruguai e Colômbia têm união civil, mas o casamento gay não. A maioria da América Central é contra direitos dos homossexuais, exceto Costa Rica, que considera algum tipo de garantias civis.
Mais interessante é Cuba. Como documentaram filmes e livros, gays e lésbicas foram perseguidos nas primeiras décadas da revolução – prisões em massa, campos de reeducação, discriminação, assassinatos e deportações, até a década de 1980. Mas hoje podem andar e falar abertamente, graças grande parte à filha do presidente Raúl Castro, Mariela, 47, chefe do Centro Nacional para Educação Sexual. Foi defensora ferrenha dos direitos para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.
“Para mim, a identidade e a orientação sexual é um direito humano”, disse Mariela à revista alemã Der Spiegel.
Ela apresentou projeto de lei para legalizar parcerias homossexuais. E teve apoio do pai, disse. Mas retirou a proposta sob os ataques da Igreja católica e alguns órgãos do governo.
Nos Estados Unidos, eleitores da Califórnia e outros Estados proibiram casamentos entre pessoas de mesmo sexo. Só o Distrito de Colúmbia e cinco Estados, quatro deles em New England (o quinto é Iowa), legalizaram os casamentos gays. Com isso em mente, Evan Wolfson, diretor-executivo da organização Freedom to Marry (Liberdade para Casar), disse:
“A chave da conquista dos direitos humanos na Argentina foi a forte liderança dos legisladores e da presidente. Os Estados Unidos devem liderar, e não ficar para trás, no que diz respeito a tratar a todos igualmente diante da lei.”
Homossexuais e simpatizantes podem se confortar com The Kids Are All Right (As Crianças Vão Todas Bem), primeiro filme hollywoodiano a retratar um casal de lésbicas com filhos – uma família norte-americana moderna.
Tradução Eloise De Vylder/ Edição Mylton Severiano

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