sexta-feira, 21 de maio de 2010

DIÁRIO DE ESPANHA II

                 Foto Amancio Chiodi
O jornal El País, de Madrid, traz uma seçãozinha na última página, Almoço com...

Hoje, 20 de maio, o repórter Francisco Peregil conta que almoçou com a juíza hondurenha Tirza Flores. A seção se enfeita trazendo num pequeno box o nome do restaurante, o que eles comeram e quanto custou a conta de cada um.
Tirza é amiga de um juiz espanhol, Ramón Sáez Varcárcel, que a apresentou a Baltasar Garzón, recém-eliminado da alta corte de justiça Audiência Nacional, por querer investigar os crimes do sanguinário ditador Francisco Franco que governou de 1936 até morrer, em 1975.
                              Reprodução/Museu Thyssen-Bornemisza
O juiz Ramón foi um dos três únicos magistrados que votaram a favor da decisão de Garzón das investigações de genocídio e outros crimes contra a humanidade. E sua amiga hondurenha, de 46 anos, mãe e filha de advogados, tal como Garzón, foi despachada da Corte Suprema de Justiça de Honduras com outros três colegas, no último dia 5 de maio, Motivo: atender a "manifestações fora de horário de trabalho" contra o golpe militar de 28 de junho de 2009 que depôs o presidente constitucional Manuel Zelaya.
                     Reprodução/Museu Thyssen-Bornemisza
"Garzón, pelo menos, tem certo apoio da mídia e internacional, que em Honduras seria impensável", diz Tirza Flores.
Também não conta, imagine!, com a mídia brasileira, claro. Ela diz ao repórter de El País:
"Em meu país, o presidente Pepe Lobo não é quem manda. Os que mandam são umas dez famílias, as mesmas que estavam por trás do golpe de Estado. Se a União Européia e a Espanha não vão mudar sua política em relação a Lobo, pelo menos que pressionem para que se respeite os direitos humanos. Sem a pressão da Espanha, não haverá justiça em Honduras."
A juíza Flores lamenta que tenham "esquecido" Honduras, depois que a ONU e a UE não reconheceram as eleições de 29 de novembro passado. E denuncia:
"Ali seguem violando os direitos humanos. Desde que Lobo é presidente, assassinaram 17 pessoas da resistência contra o golpe. É muito difícil apresentar estatísticas porque o Governo não investiga esses casos."
Seus colegas punidos iniciaram greve de fome na última segunda (17). E ela ainda diz que o que eles passam não é nada:
"É verdade que ficaremos sem soldo, mas ainda assim seguiremos em frente. Em Honduras há milhões de pessoas em piores condições que nós."
Você viu alguma reportagem sobre o que se passa em Honduras por algum "enviado especial" de algum jornal ou programa de tevê da mídia gorda?
                                     Reprodução/Museu Thyssen-Bornemisza

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