segunda-feira, 10 de maio de 2010

LINHA DE PASSE DO MYLTAINHO I


Chiiiii! Vamos ver Utopia e Barbárie, o filme, antes que O Globo proíba
Mylton Severiano reproduz na linha de passe, recebendo do além:

Carta de Silvio Tendler ao jornal O Globo

MUTILAR O FILME, NÃO
É incrível que em pleno ano 10 do século XXI, depois de tourearmos a censura e aposentarmos D. Solange Hernandes junto com a ditadura, um crítico de cinema reduza a sua avaliação favorável ao filme “Utopia e barbárie” (que ao longo de seu texto deixa claro ter apreciado) e venha pedir censura contra a presença de uma entrevistada que ele julga não ser apropriada ao filme. O que precisamos é de revelação, luz, e não trevas. Se ele não gosta da Dilma, que não vote nela. Mas não venha mutilar meu filme, sugerindo a amputação de um personagem. Será o preconceito que tirou do filme o aplauso do bonequinho?
Não levei 19 anos trabalhando num filme para fazer campanha de ninguém. Tampouco programei que ficasse pronto e fosse lançado em ano eleitoral. Eu me sentiria ridículo de cortar a presença da Dilma no filme somente porque ela se lançou candidata à presidência. Quando a entrevistei, ela não era candidata, assim como não será mais no ano que vem – e o filme seguirá sua trajetória normalmente, independente de sua vitória ou derrota eleitoral.(Dilma)
O que dirá o crítico quando assistir ao meu filme sobre Tancredo Neves, que estou finalizando, e confrontar-se com a necessária entrevista que fiz com José Serra? Quando o entrevistei, ele também não era candidato, ainda que eu já desconfiasse que viesse a ser. Mas devo abrir mão de sua necessária presença no filme face a seu papel histórico na formatação da Nova República?(José Serra) Devo cortá-lo por medo das patrulhas ideológicas?
Longe de desmerecer o filme, a presença da economista Dilma Rousseff engrandece o conjunto de entrevistados. Uma ex-ministra, na juventude militante da esquerda armada, presa e torturada durante a ditadura militar, hoje candidata, reforça um elenco de escritores, poetas, cineastas, homens de teatro, atrizes e tantos outros que ajudam a repensar e revisar a história através de seus generosos testemunhos.
“Utopia e Barbárie” está bastante equilibrado entre a presença de entrevistados que defenderam a luta armada, dos que foram contra e dos adeptos da contracultura. Ao público, fica o direito de se informar.
Com meus filmes, procuro fazer História política, e não política eleitoral.
Atenciosamente,
Silvio Tendler
Rio de Janeiro

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