quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010 - MARINA

Fale o que ela diz
mas não faça o que ela faz
por Mylton Severiano
Fotos Amancio Chiodi






















Uma das lições indeléveis que meu pai me deixou foi: “Filho, você ouça o que a boca diz, mas preste atenção nos atos de quem diz, e nas consequências dos atos.” Ele, que pertencia ao Partido Comunista, ilegal naqueles anos de 1950, dava um exemplo. Um colega de partido vivia batendo no peito e provocando:
“Eu sou do Partido Comunista, eu sou comunista.”
Os companheiros pediam – “não seja sectário, rapaz, não leva a nada e ainda pode atrair a polícia”. Alguém da polícia política do Adhemar de Barros – estamos falando do Estado de São Paulo e de seu então governador, em fins dos anos 1940 – ouviu a figura se gabando de ser comunista, passou a segui-lo, e numa reunião a polícia chega e mata a cúpula do chamado Partidão na Alta Paulista. Acho que meu pai se referia à Chacina de Tupã, como ficou conhecida a matança de cinco comunistas naquela cidade do interior de São Paulo.
Tem algumas coisas que a gente precisa levar a sério. Os rumos do país, por exemplo. Não se pode pôr em risco oito anos de um rumo que se revelou legal, a ponto de 80% do povo aprovar. Marina Silva “conseguiu” impedir a vitória deste projeto no primeiro turno e o que já começamos a ver é de novo a mídia gorda em peso, imprensa e tevê, retomar pautas de campanha eleitoral que não têm nada a ver com programas de governo, mas sim com vistas a achincalhar Dilma para virar um jogo que estava ganho e se perdeu aos 45 do segundo tempo graças a Marina, com seu projeto genérico de “desenvolvimento sustentável”, muito bonito de ouvir de sua boca, mas a consequência de seu ato e a satisfação com que a recebeu mostram que ela conseguiu o que de fato pretendia: “vingar-se”.


Sabemos que Serra domina o PV principal, o paulista; também ficamos sabendo por pesquisa Datafolha que 51% dos eleitores de Marina votariam em Serra no 2º turno e apenas 31% em Dilma. Os pontos se ligam, não?
Anexo a seguir texto que recebi do antigo companheiro de revista Realidade Duarte Pereira. Ajuda a compreender a situação.
E O TIRIRICA O QUE É?
ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ!
É LADRÃO DE VOTO, ÉÉÉÉ!
O protesto de uma larga camada popular descrente da elite que a marginaliza e ainda por cima a critica por sua maneira gaiata de protestar
Vamos ao texto do Duarte Pereira:
Tenho lido e ouvido muitas análises otimistas do segundo turno. Mas me parece que, ao contrário do que prometem essas análises, nada garante que o tempo que o país ganhou para o debate de ideias, valores e propostas administrativas, será aproveitado para favorecer um voto mais amadurecido na nova rodada. São maiores as possibilidades de que esse tempo continue sendo desperdiçado em denúncias e contradenúncias, em manobras e contramanobras, como ocorreu no primeiro turno. Consideremos, por exemplo, o que aconteceu e continua acontecendo com a questão do aborto, tão séria e crucial para milhões de mulheres: virou chantagem de católicos, evangélicos e espíritas conservadores, explorada pelas campanhas tanto de Serra, quanto de Marina. E todos os candidatos mais votados, inclusive Dilma, recuaram da maneira mais covarde das op iniões e posições que haviam manifestado anteriormente. O episódio me trouxe à lembrança o que se fazia com a questão do divórcio nos anos 1950. Com a agravante de que, agora, existe a praga dos marqueteiros.
O empenho generalizado, portanto, é para despolitizar as disputas e campanhas e para cortejar as opiniões mais conservadoras – por definição majoritárias, enquanto não se forja com luta e sacrifício um novo consenso social. Essa despolitização é uma decorrência da hegemonia do liberalismo e do neoliberalismo, por mais dissimulada que ela seja, o que, aliás, é próprio de visões do mundo hegemônicas, que não precisam afirmar-se explicitamente: “naturalizam-se”. Liberais e neoliberais sempre sonharam com uma democracia sem povo, tanto na luta remota contra o absolutismo, quanto na luta contemporânea contra as diferentes versões de autoritarismo. Liberais e neoliberais sempre foram contra as ditaduras que os excluem, por um lado, e contra a participação popular, por outro, sobretudo se consciente e organizada. Já re pararam como eles insistem em acabar com a obrigatoriedade do voto, para que se amplie ainda mais a abstenção política e se facilite o controle das decisões pelos representantes do capital? Liberais e neoliberais, do alto de sua suposta sabedoria política, não conseguem sequer enxergar em fenômenos recorrentes – como a escandalosa votação de Tiririca – uma forma grotesca, mas real, de protesto de larga camada popular, descrente desse tipo de política que a marginaliza e revoltada, inclusive, com as críticas superiores e elitistas a sua escolha pré-política.


A bola volta pra mim, Myltainho,
porque tem mais Idade das Trevas
E não falamos da demissão de Maria Rita Kehl do Estadão de S. Paulo por enunciar ganhos do governo Lula; da perseguição racista ao Netinho, com ajuda dos CQCs da vida, do UOL que anunciou a “morte” do candidato a senador por São Paulo Romeu Tuma (v. Carta Capital desta semana), que favoreceu o Aloysio Nunes e derrubou o Netinho (vamos lá, negro e cantor popular). Nem falamos da volta da Erenice na mídia gorda, do aborto, da quebra do sigilo fiscal de tucanos (ninguém fala da grana que se encontra em suas contas).
A direita vai pegar pesado, gente, se prepare, Bornhausen não quer discutir programas de governo não, quer lama, disso entende. É só recordar:
1989 Collor x Lula
A campanha de Collor paga o equivalente a um apartamento classe média para Mirian, enfermeira com quem Lula teve um caso e lhe nasceu a filha mais velha Lurian (nome formado de Lula + Mirian). Mirian ressentida acusou Lula de ser racista e renegar a filha – que então aos 15 anos foi à tevê ao lado do pai, Lula, desmentir. A Globo editou o último debate favorecendo Collor.
Lula perdeu.
2002 Lula x Serra
Regina Duarte vai ao programa do Serra dizer que tinha medo de Lula ganhar.
Lula venceu.
2006 Lula x Alckmin
Atraem “aloprados” petistas para comprar certo “dossiê” contra Alckmin; a Rede Globo, para não atrapalhar o impacto do dinheiro apreendido posto no ar, ignora o desastre com um jato da Gol na antevéspera das eleições para o 1º turno.
Lula venceu
AGUARDE A VIAGEM até 31 de outubro de 2010. Será emocionante. Uma viagem através da Idade das Trevas. Ponha seus óculos de infravermelho ou, sei lá, ultravioleta, para enxergar que se passa no trajeto. Uzomi num brinca.


























EM TEMPO
BOMBA!
No último programa do PSDB, do Serra, no primeiro turno, ele aparece “em família”, com a mulher Mônica chilena, com quem teve filha, e uma netinha, gracinha, que corre para o colo do vovô Serra.
Ora, sabem os jornalistas que Mônica havia saído fazia algum tempo do Palácio do governo de São Paulo, separada de Serra, que vinha mantendo caso com Soninha Francine, ou Francini, ex-PT.
Imagine se Dilma aparece em situação semelhante, aparentando casamento com o gaúcho José Araújo, com a filha que com ele teve, mais a netinha recém-nascida. A mídia gorda daria manchetes durante um mês, não? A Igreja católica conservadora cairia de pau, não?



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