quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O ESTRANHO CASO DOS R$ 4 MILHÕES

Este texto nos chegou por email. Postado por Brizola Neto, reverberou na internet.


(Veja mais abaixo o manifesto de intelectuais como Chico Barque em apoio a Dilma, e o texto do cineasta Jorge Furtado sobre os 10 falsos motivos falsos para não votar nela, além do artigo de Mylton Severiano, "Vão ser hipócritas assim na PQP")



“La garantía soy yo”

Será que a nossa imprensa vai ficar quietinha, quietinha, diante dos estranhíssimos acontecimentos referentes à acusação de que Paulo Vieira de Souza, segundo a revista Istoé, abocanhou para si R$ 4 milhões de doações “caixa-2″ para a campanha de Serra.


A revista publicou a acusação, feita por dirigentes do próprio PSDB, há dois meses.
A mídia nacional, nada.


Dilma levantou o assunto no debate. Serra disse que não sabia quem era o “Paulo Preto”. Depois, desqualificou o assunto, que era um “factóide”, e que não sabia quem era o “Paulo Preto”.


Ficou por isso mesmo.


Hoje, a Folha publicou uma matéria nítidamente ameaçadora do “desconhecido Paulo Preto”.


“Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”, ameaçou ele.


Foi o que bastou para Serra não apenas lembrar-se dele como, também, atestar sua idoneidade.


“Isso não é verdade. Ele não fez nada disso, ele é totalmente inocente nesta matéria”, disse o presidenciável, após participar de missa na Basílica de Aparecida, no interior de São Paulo, segundo o Estadão.


E pronto, acabou a investigação. O Paulo Vieira de Souza, agora, vai processar todo mundo. Todo mundo, quem?


O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, o tesoureiro-adjunto do partido, Evandro Losacco e os jornalistas de Istoé, segundo o portal R7.


Já pode, até, arrolar Serra que, anteontem não o conhecia e agora já pode atestar seu caráter ilibado.


E o nosso jornalismo investigativo está satisfeito. “Tá tudo dominado”, como dizia a gíria carioca.
Postado por Brizola Neto 12 Oct 2010



Entrevista, só para a Folha
Enviado por amigos do blog, posto aí em cima a reportagem da Record sobre o engenheiro Paulo Vieira de Souza. A matéria reproduz as informações publicadas pela revista Istoé, onde ele é acusado de recolher e desviar dinheiro de contribuições irregulares de campanha. Chama a atenção o final da matéria, onde a repórter inisiste para falar com Paulo e a resposta é que a possibilidade é “zero”.


Mas o Dr. Paulo, no mesmo dia, concedia uma longa entrevista à repórter Andrea Michael, da Folha de S. Paulo, que abordei no post anterior.


Curiosamente, ao abrir o vídeo da Record, encontrei outro, da TV Gazeta, de onde tiro a imagem reproduzida aí ao lado, onde, numa “vistoria” – com direito até a descerramento de placa de inuguração - Serra posa com os operários da obra, junto com o Dr. Paulo, que ele diz não conhecer.


E, o que é mais interessante, nossa imprensa comporta-se como se isso fosse verdade.


Será que, em homenagem ao Dia das Crianças, querem que a gente aceite que isso não deve ser apurado. Aliás, a matéria já foi publicada faz tempo pela Istoé – exatamente dois meses – e, até agora, nada.

Postado por Brizola Neto 12 Oct 2010

A falta que faz uma imprensa livre
O ex-diretor das obras do Rodoanel, citado por Dilma Rousseff no debate, finalmente reapareceu nas páginas de jornal. E dizendo, ameaçadoramente, “não me deixem só″ aos dirigentes tucanos e ao seu “desconhecido” José Serra – vejam a que ponto vai a hipocrisia, dizer que “não conhece” o nome do homem a quem deixou a tarefa de dirigir a mais importante obra de seu Governo, em São Paulo”.


Mas não se anime em achar que a imprensa, agora, investigará os fatos sombrios que já foram noticiados a seu respeito, como a matéria da Istoé que o acusava de ter ficado com R$ 4 milhões arrecadados como “caixa-2″ para a campanha serrista.


Se você olhar a reportagem – a entrevista de Souza é um primor de arrogância e um claro chamado a ser protegido pela máquina tucana – pode até ter a impressão de que o jornal, finalmente, resolveu fazer jornalismo.


Mas basta reparar algumas circunstâncias para ficar com um bando de tucanos atrás das orelhas sobre o que está sendo feito.


A repórter Andrea Michael – não faço um juízo de valor, mas um registro de fato – é a mesma que é acusada de produzir informações favoráveis ao banqueiro Daniel Dantas no processo e que teve sua prisão preventiva pedida pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, prisão que, igualmente registro foi negada pelo juiz Fausto de Sanctis. Isso não a desqualifica como pessoa ou profissional mas o jornal, até para preservar sua repórter, deveria evitar a coincidência de que tenha sido a mesma repórter que, no dia 27 de agosto, foi escalada para fazer uma matéria desmentindo as acusações da revista, onde os advogados de “Paulo Preto” dizem que vão processar os jornalistas.


Nesta matéria, por sinal, não há sequer uma referência ao episódio, dois meses antes, da prisão do engenheiro, acusado de receptação, ao tentar vender uma jóia roubada da loja de alto luxo paulista Gucci, igualmente publicada pela Folha, no dia 15 de junho, episódio de pleno conhecimento do jornal, portanto.


Aliás, a Folha não pode alegar, sequer, que esta acusação de receptação o torne fonte menos crível, pois não se escusou de abrir manchetes para o tal “consultor” duplamente condenado por posse de objeto roubado e, também, moeda falsa. Desta vez, porém, a chamada é discreta, muito distante das letras garrafais com que se acusou de corrupção a sra. Erenice Guerra.


Não pode haver defesa mais enfática de que se apurem todas as irregularidades e muito menos alguém nega que uma imprensa livre e ativa seja uma ferramenta inigualável de combate à corrupção. Mas quando esta imprensa retém informação, a publica de forma seletiva e parcial, em função do quanto ela prejudica ou beneficia a candidatura de sua predileção, trai o seu papel de informar.


E polui, pela omissão e pelo dirigismo do que publica, as próprias liberdades democráticas, que tem seu maior alicerce no esclarecimento e na escolha livre da população no processo eleitoral.



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