quarta-feira, 20 de outubro de 2010

PAREI DE VER PROGRAMA ELEITORAL: JÁ DECIDI EM QUEM VOTAR DE NOVO

Por Mylton Severiano
Parei porque estou decidido a votar em Dilma e impedir a vitória de Serra há muito tempo – desde pelo menos 1954.
Agora, também posso parar de ler certos colegas efeós (“formadores de opinião”) da mídia gorda, que vinha lendo pra me irritar.
A última foi a douta (de doutor mesmo, eles se formam em fabriquetas de diploma de jornalista e se acham doutores em jornalismo) opinião deles sobre o milhão e meio de votos que o palhaço Tiririca teve. A Época deu na capa “Tiririca, a cara do novo Congresso”. Mas que santarrões! Jornalistas que jamais estiveram em Sapopemba. Que jamais conspurcaram a sola do sapato burguesinho no chão que os sem-terra pisam. E querem dizer que o povo que votou em Tiririca não sabe votar. Pois sabe melhor do que eles. Um palhaço, aliás, tem todo direito a votar e ser votado.
E mais: zombam de quem votou em Tiririca, e pergunto: mas e quem vota num Bornhausen? Num Tasso Jereissati? Num Arthur Virgílio?
O povo é tão safo, que levou a disputa para o segundo turno só para bater em Serra duas vezes. E duas vezes dar a vitória a Dilma.

Um comentário:

  1. Momentos de triste memória ou não. Essa mobilização em torno de Dilma me lembra as eleições dos anos 70 quanto o movimento era vencer batalhas contra a ditadura. Chico Buarque, Antonio Cândido, Florestan Fernandes e outros comprometidos com a democracia assinavam listas de apoio. Esse segundo tempo em que vamos ao segundo turno mobilizou pessoas que há muito tempo não apareciam para apoiar esse ou aquele candidato. A imagem que se vende de que houve uma acomodação foi destruída pelos fatos. A vontade de fazer política volta a correr na veias. O que está posto não Dilma versus Serra mas o que o Serra representa. Os de mais idade vão se lembrar da velha UDN tão bem explicitada pela Maria Vitória Benevides em UDN e Udenismo. Seu caráter conspirador desde os tempos do Juscelino sempre rondou a democracia brasileira. Ela está encarnada no DEM. O objetivo único de um partido é tomar o poder seja por revolução pela legitimidade do povo ou por vias democráticas. Utilizar de meios difamatórios é fugir das regras democráticas. Quando não se pode com o adversário utiliza-se a difamação. Dizer que o povo não sabe votar por que elegeu o Tiririca é de de um preconceito que beira o nazifascismo. Todos devem ser representados no congresso, a esquerda, a direita, os religiosos assim por diante. Me lembro de uma celebre frase de antigo professor meu Paulo Emílio Sales Gomes que dizia que o pior filme nacional era melhor que um bom filme europeu. É claro que eu e meu colegas creditavam essa frase a uma provocação. Era uma época em que filmes italianos, polonês de boa qualidade dividiam as salas de cinema com a pornochanchada. Mais tarde descobri que Paulo Emílio tinha razão. Não eramos Bunuel, kurosawa, Felini, somos Mazzaroppi e porno chanchada e temos de respeitar isso. Exercitar o preconceito contra o povo é o primeiro sinal de quem quer ser eleito não tem nenhum compromisso com ele, o povo.

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